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26.3.05

E Tu, sim, Tu ouves?

Não, ingénuos. O homem não se encontra a recuperar de nenhuma traqueostomia. O homem está a respirar por ela, conforme pode.
Não, sacristas. O homem não disse nada disso, não ofereceu o seu sofrimento a ninguém. O sofrimento nem sequer se oferece, haja pudor. O sofrimento é dele, como o nosso é só nosso, os outros só assistem ao nosso, sofrendo ou não. Sofrimento deles, dos outros, esse sim, assistir ao nosso, se for o caso. E, assim, é sempre verdade.

Bem me parecia que o início da nova saga cristã, “a digna luta pela vida sofrida enquanto ela durar”, estava para chegar. Até já o disse, aí para baixo.
Eis mais um santo mistério: que faz correr, há tanto tempo, estes homens de saias, esta gente roxa, eternamente de saias compridas, cantando com vozes pias enquanto saltita, contrita, mesmo, do seu saltitar? Uma congénita ablação da consciência? Um qualquer paroxismo económico-ecuménico, sempre hesitante à volta do hífen?
Não digo. Eu sei, mas não digo.

Numa mensagem lida pelo cardeal Camillo Ruini, presidente da conferência episcopal italiana, o Papa exprime a sua proximidade "com todo os que sofrem". "Ofereço também os meus sofrimentos, para que o desígnio de Deus se cumpra e que a sua palavra se espalhe através dos homens", continuou João Paulo II, através do seu intermediário.

Pobre homem doente, condenado a “continuar-se” pelos seus intermediários. Intermediários que não escolheu, antes foram eles que o escolheram a ele, ao homem que respira por um buraco adicional, para estandarte furado de mais uma cruzada.

Não tenho razão? Que Deus vos oiça.

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