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27.3.05

não cuspam assim no teatro, ou, a comédia dos políticos medíocres

Há exactamente nove anos, a cidade da Régua via nascer uma companhia de teatro – Roga D’Arte, Teatro do Alto Douro. Sem tecto nem palco, um grupo de saltimbancos apareceu nas ruas da cidade com uma mensagem clara de apoio à arte e à formação de públicos. Estávamos então no dia mundial do teatro, e um ano depois, no mesmo dia, chamamos a atenção para a existência do célebre edifício italiano, abandonado, o denominado “Teatrinho”, e foi a partir daí que se iniciou o processo de classificação deste imóvel.
Ao longo dos anos, com cerca de uma peça levada à cena por ano, a companhia de teatro foi ganhando o respeito e a consideração da cidade e da região, recebendo o apoio da Casa do Povo de Godim, que lhe cedeu o seu palco para que aí o Roga D’Arte tivesse a sua sede. A partir de então, o Roga formou públicos vários, trabalhou gratuitamente para as escolas do ensino básico do seu concelho, formou actores e jovens, foi às escolas dar formação, mexeu com o espaço cultural da cidade que se orgulha deste seu grupo que já conta com milhares de espectadores; entretanto, organizou dois festivais de teatro amador, na Régua, e, entretanto, sem qualquer apoio significativo da sua autarquia! Fica mesmo na cauda dos menos subsidiáveis, e tem sido preterido especialmente nos últimos quatro anos; entretanto, com o apoio do ministério da cultura, do Inatel e do público, esta companhia de teatro amador, não só atingiu o patamar da autonomia técnica e humana, como também não tem qualquer dívida. Entretanto, a sua câmara municipal é tão sensível a estas coisas da cultura, que não percebeu que é no desenvolvimento cultural dos seus munícipes e na oferta cultural que forem capazes de oferecer, que estará o desenvolvimento económico-social da comunidade e o crescimento da massa crítica de que, normalmente, os políticos medíocres se afastam...
Como se tudo isto não bastasse, hoje, dia mundial do teatro, a Roga D’Arte recebeu da Câmara Municipal de Peso da Régua um presente especial, para compensar o subsídio que não deu ao teatro, justificado e pedido há cerca de seis meses, os ditos políticos de visão curta resolveram contratar uma companhia de teatro profissional, subsidiada anualmente com milhares de contos pelo Ministério da Cultura, para em 2005 vir à cidade da Régua apresentar cinco parcos espectáculos! Para isso o município dispendeu vários milhares de euros, que diz não ter para as associações culturais de todo o concelho! E esta, hein? Chama-se a isto faltar ao respeito dos cidadãos e cuspir na cara dos actores locais. Chega de insultos.

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