Wraggle Taggle Gipsies O
Descobri, num zapping ocasional, que a inicialmente punk Alison Moyet tinha gravado um CD, do qual ouvi, então, aquela música antiguinha que todos reconhecem, se a ouvirem, chamada "Windmills of your Mind". A Alison, que, passadas duas décadas, continua orgulhosamente balzaquiana, também mantém intacta aquela voz grave com que, há duas décadas atrás, cantava "That ol'devil called love" e "Love letters" enquanto se afastava do movimento punk e corria o risco de se tornar uma proto-Celine Dion. Pior: uma Dulce Pontes britânica. E ela até tinha tudo para ser uma diva da música lírica comparável à inesquecível Bianca Castafiore, mas em (muita) carne e osso. Eram doces e bonitas, essas músicas, ainda hoje gosto.Bom. No dia seguinte, passei na FNAC e comprei o Voice que, como de costume, passei a ouvir no carro, durante percursos. Descobri onze músicas, quase todas velhas conhecidas e todas seguramente bem escolhidas. Desde o "Almost Blue" do Costello até "La chanson des vieux amants" do Brel, passando por clássicos como Bizet e Purcell. Incluindo uma música encantada, inebriante, saída da folk music inglesa, sobre a história de milady que fugiu atrás da música enfeitiçada dos ciganos porque "her heart it melted away as snow". A voz da Alison completa tudo: profunda, expressiva, maleável... primorosa. Este está longe de ser um CD de quem já foi. Isto é bom, mesmo que seja inevitavelmente assim quando o que é bom já o era desde sempre.
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