blog caliente.

20.12.04

Quem é que é da Estremadura?

Topa-se logo que foi o besugo que escreveu o "textozito" de apresentação dos bloguistas desta tasca. Tem aquele escrever "poético" tão característico dele, misturado com uma sofredora "lagartice" (igualmente característica), invocada a final.

Por outro lado, diz que há por aqui alguém da Estremadura, no que desconfio referir-se (venenosamente) a mim, que nessa província vivo e trabalho, mas à qual não pertenço.

Sim, que isto de pertencer tem que se lhe diga. E eu sei a que pertenço e onde me sinto em casa: Em terras de pinheiros e granito, com frio e montanhas, estradas que sobem e estradas que descem. E pontes no fundo das que descem, e pontes no princípio das que sobem. É aí que eu pertenço.

Feito este intróito, cabe cumprimentar a lolita pela mudança de aparência no blog. Está mais amplo e mais claro. E cumprimentar o besugo pelo sol que aqui deixou. Gosto mais dele que do paraíso tropical que encima este blog. Mais inocente, talvez mesmo infantil, mas é mais "caliente".

No mais, cá venho contrito reconhecer que tenho tido pouca intervenção, mas não pouca leitura. O besugo anda de tal modo entretido a apoucar o Portas de todas as maneiras que consegue imaginar - e consegue imaginar muitas - que a mim deixa apenas o entretenimento de o ler. Às vezes tenho saudades dos tempos (sim, porque eu sou velho) em que também vivia com intensidade os meus amores e ódios políticos. Se eu ainda fosse assim, garanto que vos brindava com a minha imaginação - menos fértil que a do besugo, há que reconhecê-lo - no "linchamento em prosa" dos políticos de que não gosto.

O problema é que já poucas coisas me interessam, já poucas têm para mim sabor, textura, densidade, beleza ou fealdade. E, especialmente no que respeita à política, disso me distancio com crescente indiferença. Em poucos políticos confio (como o besugo confia no Ferro) e em nenhum dos actuais me revejo ao ponto de o considerar o "porta-estandarte" político daquilo em que acredito.

Aliás, em que é que se pode acreditar verdadeiramente? Creio que só num determinado conjunto de valores, e no benefício que pode advir da sua aplicação prática. E coerente. Tudo coisas de que a política hodierna - intrinsecamente calculista, medrosa e pensada em função dos calendários eleitorais e da satisfação possível das clientelas e poderes difusos - se alheou.

E, assim, vivemos os últimos tempos com PMs do calibre do Guterres, do Barroso e do Lopes. Hodiernos mais hodiernos é difícil. E assim viveremos os próximos tempos também, estou certo.

Acho que esta prosa está tão fúnebre que páro por aqui, publico isto e vou ver outra vez o fantástico sol com que o besugo nos prendou.

Mas antes ...

Post Scriptum (estilo Monty Python) - "E agora, algo completamente diferente": o meu filho fez anos e dei-lhe uma prenda egoísta (porque foi para ele e para mim, uma das prendas que eu desejei em miúdo e que nunca recebi). Uma pista de carrinhos. Da NINCO que, garantiu-me o homem da loja, é melhor que a Scalextric. Temo-nos divertido com ela. Bem mais do que a ver notícias na televisão (calculo eu, porque esse electrodoméstico tem basicamente funcionado para ver filmes e jogar).

Post Post Scriptum - Sim, porque eu sou velho, mas também não sou. Às vezes.

Post Post Post Scriptum - A ver se amanhã passo na loja para saber o preço das peças necessárias a fazer duas chicanes, daquelas apertadinhas. Aposto dobro contra singelo que, com chicanes, "dou" dois segundos por volta ao rapaz ...

Post Post Post Post Scriptum - Agora sim, vou ver o sol ...

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