blog caliente.

16.12.04

Silêncio, tiroleses.

Isto pode fazer-se sempre que se queira: a Judite de Sousa entrevista um tipo qualquer que a gente não grama e, zás, tiramos o som ao televisor. Ficamos a olhar durante cinco minutos para aquilo e é muito divertido.

Hoje foi Paulo Portas. O irmão careca do careca assumido.
Sem som, o cabelo à Vítor Hugo/Nuno Melo/Diogo Feyo/outro que não me lembro agora, fica mais solto. Mais "estou cheio de Linic". Sempre comprido, o cabelame, tapando as orelhas e arrebitando ligeiramente na zona que antecede os pavilhões auriculares. Descendo, descarado, pelas traseiras do colarinho da camisa.

No caso de Portas, que tem uma testa que se prolonga, despudorada de rugosa, bem para lá da articulação fronto-parietal (ou seja, está sempre com aquele ar de quem usa capachinho...), o efeito é hilariante.
Ele meneia-se. Ele sorri só com a boca. Ele gesticula, de mãozitas arredias, espasmódicas. Ele agarra-se conforme pode à imagem que pensa que tem. Corto-lhe o som e ei-lo reduzido à imagem que tem, não à que pensa.

Há muitas coisas engraçadas neste mundo: o Benfica, o Ferreira Torres, o senhor dom Duarte, a família toda daquela senhora que se despia para dar as nutícias, a Ordem dos Médicos e as Ordens em geral, o Bush, o eventual talento do Beckham, quase todos os processos de beatificação, o fervor com que cantamos "A Portuguesa" no estrangeiro ou em campos de futebol, a Edite Estrela, aquele deputado do PSD de óculos que parece um extra-terrestre, os publicitários (mesmo os que se lavam)... há muitas coisas.
Esta é, apenas, mais uma delas: desligar o som enquanto palra um daqueles projectos do (seu) futuro, um daqueles que se julga um "comunicador", é um excelente passatempo. É que se lhe vai (ao comunicador) a comunicação verbal de chicaneiro pelo provocado silêncio abaixo; vai-se-lhe o carisma (do comunicador) por entre os angustiados esgares de inteligência muda; fenece-se-lhe a credibilidade toda (de comunicador) na falência surda do pequeno facto que aponta em surdina, apontado em surdina como se fosse grande e sonoro.
Neste particular, bom, é caso para dizer que se lhe fenece ainda mais a credibilidade já de si fenecida, porque um pequeno facto, dito por boca fugidia de "odeleriú" e apontado por dedinho de "outro odeleriú" em riste, fenece mesmo que o escutemos.

Digo eu, que acredito no potencial enzimático de certo tipo de detergentes. O "Odeleriú Máquina", por exemplo.

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