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28.6.04

Notas sobre a sucessão

1. Azelhice: apesar dos recentes sinais positivos (lembro-me do discurso contido e equilibrado após a morte de Sousa Franco), Durão Barroso está em vias de demonstrar, uma vez mais, a azelhice que tem marcado a sua actividade política. Apenas a três semanas depois de se ter associado à campanha das europeias e de ter empenhado a sua continuidade no governo, pondera uma fuga solitária com a qual deixa o país mergulhado na crise económica e o partido na crise política. Como aconteceu quando morreu Sá Carneiro, pouco tempo durou o governo de Pinto Balsemão. Como não aconteceu com Cavaco Silva, Durão Barroso esqueceu-se de criar segundas linhas para a sucessão. Tudo o que Barroso fez e tudo o que não fez cria, claramente, as condições ideais para a perspectiva das eleições antecipadas.

2. Saloice: é notória a manipulação da esquerda. O que, na verdade, não é censurável, porque só um néscio deixaria de aproveitar a deixa que tão saloiamente o PSD lhe deu. Se eu fosse a esquerda, pressionaria o PR, mobilizaria a população e usaria de abundante demagogia até que conseguisse a garantia da realização de eleições antecipadas que me dariam, seguramente, a maioria absoluta.

3. Limpeza: Esta perspectiva de mudança à esquerda não me é, em nada, desagradável. Ainda que o governo futuro fosse formado no seio de um partido em profunda crise de identidade e, portanto, condenado a um possível fracasso, eu teria um imenso prazer em ver a coligação desfeita e o Portas posto no seu sítio. Num lugarzito parlamentar, onde pudesse dar uso inócuo à sua sinistra verborreia.

4. Mudança: venha ela. Apesar de toda a inabilidade que lhe reconheço, acredito mais em Ferro Rodrigues do que nos notáveis do PS e do PSD todos juntos.

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