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27.6.04

Eu e o Euro - (da Praia da Rocha Baixinha)

1. Há uns bons 4 anos, o apurado instinto de oportunidade no "negócio" do meu (bem amado) cunhado sportinguista, permitiu-lhe viabilizar a compra de um apartamento de estalo, num condomínio fechado em Vale de Carro - Açoteias - Albufeira - Algarve. O apartamento, a sua envolvente, a sua localização central estratégica, conferem-lhe características únicas. Tem sido o sítio de eleição dos meus retiros espirituais e das férias. A praia que sempre frequentamos, tem sido uma das secções da Praia da Rocha Baixinha, vulgarmente chamada - Praia dos Tomates. Que se localiza entre a Falésia I (Açoteias) e Falésia II (Vilamoura).
2. Toda a zona das Açoteias é excelente: calma, muito tranqila (sem u). Tem Alisuper, duas possibilidades (lojas) de jornais e revistas (sou fanático por tudo o que é jornais em férias (aspecto que a minha mulher não acha graça nenhuma), tem ainda o magnífico bar Neptuno do tipo mais simpático á face da terra, há uma enorme variedade de snacks, restaurantes, sempre limpos e baratos com comida para todos os gostos - pizzas, frangos de churrasco, maratonas de peixe, etc. Dispõe também de um conjunto de infraestruturas desportivas notável: com relevo para uma academia de ténis com courts para todos os gostos, infelizmente demasiado próxima de uma ETAR disfuncionante. Tem ainda o inacessivel Hotel Pine Cliffs, e o extraordinário Brother's Bar - onde acabei por fazer um mini-curso de Operações Especiais, após uma imitação barata do vocalizo "Rooney", essencialmente caracterizada por elevação espasmódica do lábio superior e uma voz de tipo grunhido. Obviamente que agora reconheço a imprudência de o ter feito após o inesquecível Portugal - UK, ao pé de uma boa dezena de grunhos ingleses - como aliás o besugo bem caraterizou.
3. Os gritos de aflição da minha mulher, os copos partidos, e uma saída á S Stalonne (by the window) não foram nada comparados ás manifestações de orgulho português, á elegância dos nossos cavalinhos de raça lusitana, e á força tremenda dos bicipedes, dos nossos bem amados GNR, com tarimba recente feita no Iraque. De resto tudo correu bem.
4. A Praia dos Tomates tem várias particularidades interessantes, que gostaria de referir:
o acesso é feito por estrada de terra batida - facto que, até o ano passado (inclusivé), era considerado altamente in. Os frequentadores assíduos da praia são conhecidos em todas as estações de serviço algarvios - os carros ficam uma vergonha! Ainda por cima com o calor, quando vamos na maldita estrada e acontece vir um bimbo* num jeep de 3ª geração em sentido contrário a cem-á-hora, o automático dos vidros não chega para evitar a poeirada dentro do carro. Antes de chegar á praia, observam-se muitos letreiros: Propriedade Privada - aviso sério, de uma fúria construtora que não deve tardar... Continuamos por terra lavrada e eis a praia de Bandeira Azul. Um bar de madeira enorme, onde há um café de saco excelente. A praia é muito limpa, com areia fina. Com um senão de que apesar do enorme esforço das autoridades, não foi possível este ano erradicar a praga das priscas dos cigarros que "nascem" nas praias portuguesas. Aspecto muito difícil de explicar ás crianças que brincam com a areia...
5. Este ano o tempo, temperatura e qualidade da água foram ímpares. O jet, neste final de Junho, não parece ter frequentado a praia, felizmente. Mas um belo dia, equipado a rigor com as cores da selecção, ia eu de guarda sol em riste, para o meu lugar habitual (a 150 metros das tombonas - caríssimas) quando sou inquirido por uma revista do coração, com umas perguntas de tipo Malato pró-difícl -> repeti a minha imitação do "Rooney" com hálito a cerveja e foi o suficiente para me deixarem em paz. Evidentemente que a imitação do hino do Euro, a minha filha fá-la melhor que ninguém - e eu confesso que parti o coco a rir quando li o post da patroa lolita.
6. Para as coisa me correrem ainda melhor na Praia dos Tomates, tivemos como vizinhos durante alguns dias, uma numerosa família de letões. Diga-se de passagem com alguns hábitos bem portugueses:
- chegada á praia: cerca das 11 h
- equipamento: três grandes lancheiras térmicas, cinco (5!!!) guarda-sois, vários colchões insufláveis com a respectiva bomba (um fim de manhã sempre a ouvir bufar), algumas bolas de futebol, raquetes de madeira (2 pares) e várias cadeiras de praia.
- constituição: os avós, duas mulheres seguramente lançadoras de peso e martelo (ex_URSS), uma ginasta (anorética e extremamente delicada, com movimentos de pernas fantásticos), dois atletas de luta greco-romana (pesos-pesados), um rapaz mais novo - adolescente (muito parvo, sempre ás balouradas á bola de futebol) e, finalmente o querubin da família - o bébé. Bébé que era terrível, incomodando sistemáticamente os vizinhos frequentadores da Praia: ora atirando areia com uma pá - para gaúdio dos letões, ora água salgada para cima de toalhas alheias. Depois de muita agitação lá vinha uma das lançadoras com ar preocupado, verbalizando uma desculpa (?) qualquer em lingua impossível, e trazendo a criança de volta pelo braço. Resolvi a questão com um grito tipo D Giovanni, num dos ataques da miúda. Não utilizei a arma letal - Rooney - por razões humanitárias.
- retirada da praia: 16 h
- resultado: foram assados para o Báltico.
7. Bimbo* - companheira loira artificial, de óculos a prender o cabelo, tipo pára-brisas, ele com sisley's, cabelo bem penteado, polo de marca, calções de vários bolsos, com tabaco, sapatos de vela, pernas horríveis. Carro topo de gama. Linguagem difícil em voz alta, mas pouco perceptivel, pois exibem quase impossibilidade em abrir maxilares quando falam.

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