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29.6.04

A Europa e o Portugal medíocre

1. Crítico implacável de Durão Barroso enquanto líder partidário (discurso e postura no recente congresso), enquanto PM (governo medíocre), venho aqui prestar-lhe o meu total apoio á decisão de ida para Presidente da Comissão Europeia. É verdade lolita e besugo sou mesmo assim: bruto, imprevisível, emotivo, impulsivo e essencialmente lusitano de gema. Primeiro porque gostei do discurso dele no rescaldo das eleições europeias, segundo porque admiro quem tem responsabilidades de decisão nos tempos que correm e neste país onde todos sabem tudo e pouco fazem. Terceiro, porque (finalmente) não cedeu á mediocridade nacional e colocou Portugal ao mais alto nível de decisão europeu.
2. Apesar das tentaivas de menorizar o cargo (JPP), ter um presidente português de uma Comissão Europeia, nesta altura é uma honra e uma distinção sem precedentes. É dar um salto qualitativo em frente, que saúdo num governante. Decisão ainda mais consistente com o miserável espectáculo que a nossa classe política nos brinda diáriamente: o total desrespeito pelas instituições democráticas, que a generalidade dos políticos demonstram. Bastou observar o nível das reacções á sua eventual nomeação, para o nosso PM dizer sim a uma Europa que, seguramente, lhe reconhece maiores méritos que o seu proprio país. Drama infelizmente comum a muitos portugueses!
Este facto político, de consequencias sérias para o País, só pode desencadear os normais e previstos mecanismos consagrados na Constituição, nos estatutos dos partidos etc. Em absoluta tranquilidade, com calma, sem precipitações.
Em primeiro lugar o país, depois o resto logo se verá !
3. As oposições têm toda a legitimidade democrática para dizer o que quiserem. Só terão sucesso se o nível de discussão for outro - os portugueses são ainda muito sensíveis a esse aspecto (vitória de Guterres sobre Cavaco por ex). Discordo totalmente da nossa patroa, nesse dossier - oposição - eleições antecipadas já !
- PS: o que se tem passado pós eleições, relativamente a questões de disputa de liderança é, do meu ponto de vista, um tremendo erro político, com o PS a dar um triste espectáculo (opinião quase unânime dos mais conceituados opinion-makers nacionais), fragilizando-lhe a sua propria liderança = os chamados tiros no pé! Salvo a figura de Ferro Rodrigues, quanto a mim um homem de grande valor e capacidade = estamos de acordo nisso.
- PCP: valha-nos deus, não há uma única ideia nova, uma aragem, uma brisa fresca, um ventinho de mudança... o PC definha lenta e inexoravelmente - e ainda bem !
- O BE: exemplo de mediatismo bem conseguido. Nada mais!
Se o PS, força principal de oposição verdadeiramente democrática, tiver o mínimo sentido de estado, não vai criar dificuldades de maior, ainda por cima se estiver em causa o interesse nacional. Ganhará as próximas eleições, quando demonstrar inequivocamente aos portugueses:
- que tem gente mais competente e séria,
- que episódios como Felgueiras, Matosinhos não podem ser tratados desta forma
- que é diferente do seu homólogo / rival de poder (PSD): não emprega milhares de boys na Função Pública, não invade a estrutura da administração pública com gente inacreditávelmente incompetente
- que não permite discussões estruturalmente importantes nos jornais "amigos"
- que é um partido de ideias novas, com gente nova
- que faz reformas quando devem ser feitas e não ao sabor de sondagens
- que extingue a sua jota
- que se mantem em contacto permanente com as realidades do país
- não se vende despudoradamente a lóbis: sonae, igreja, fcp etc, etc.
- que a forma de discussão de problemas nacionais não é esta, que os barões do PSD nos brindam diáriamente.
4. O meu apoio á decisão de Durão - a Comissão Europeia decidiu elevar a fasquia de nomeação do seu Presidente, e ainda bem, porque senão num cenário virtual de vitória eleitoral europeia da família socialista, poderíamos ter eventualmente o Narciso Miranda com potencial candidato, coadjuvado pela sua numerosa familia de sobrinhos (assessores potenciais). E isso eu não desejo ao meu país.
5. Apetece-me amenizar esta discussão com duas notas de rodapé:
a) Vale bem a pena comprar um CD recentemente editado pelo Público - Dead Combo, obra que recomendo vivamente.
b) Fiquei muito surpreeendido (favorávelmente) quando soube que há um curso superior em Música Sacra, na Universidade do Porto. Julgo que é uma ideia, a todos os títulos, magnífica. A propósito da discussão, sobre a eventual eliminação / proibição da Marcha Nupcial nas Igrejas - por ser obra incluida numa ópera de Wagner e incitar ao sexo - entendido quase como pornografia, na óptica da igreja - orgias - existe a constatação generalizada, de que a música que se toca nas nossas igrejas é muito má, para não dizer péssima.
Numa Igreja que dispõe de um património musical impar: relembro os génios da música e o seu imenso contributo para a música sacra - Bach (e deus criou a música...), Mozart, Bethoven, Vivaldi, Palestrina, Shutz, Haendel e tantos outros...!!!
Parece haver um movimento no sentido de reabilitar a figura de mestre de capela - kapelmeister (corrijam-me o alemão pf) de outros tempos, constituída por músicos especialmente habilitados para a composição, ensino, intrumentação da musica sacra, colocados nas nossas principais dioceses ou igrejas. Como cada igreja têm um sacerdote, em principio teriam também um mestre de capela no seu quadro. No meu ponto de vista este modelo seria muito vantajoso:
- Do ponto de vista estritamente religioso, a religião católica só tinha a ganhar
- Pedagogia das populações, especialmente jovens, com possibilidade de ensino da música
- Incentivo ás artes e melhoria da cultura das populações
- Deixaríamos de ouvir aqules grupos de violas dos seminários e outros grupos (evidentemente bem intencionados) a tocar "onde está a mão do meu Senhor ... onde ? na Galileia !!!)"

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