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29.6.04

Decisões

O meu filho mais velho tem 14 anos e acabou de tomar uma importante decisão: há coisas que não quer decidir agora.

Ele não sabe, ainda, aquilo que quer ser quando for crescido. Gosta de futebol e de andebol (pratica os dois), de computadores, de consolas, de miúdas, dos amigos, da mãe, do pai e do irmão, gosta de quase toda a gente. Gosta de nadar e nada muito bem, um golfinho (sai ao pai, embora este se vá transformando, cada vez mais, numa variante "mobydickiana" do filho... e daí, nem tanto, que a melanina é apanágio pigmentar da família toda). Gosta que não se fume, é um chato com razão, a ver se o oiço mais. Gosta de biologia e história, mas não gosta muito de matemática. Gosta de música e comove-se com o Brahms do pai. Anda a assemelhar-se a um sorna, um querido sorna a crescer, mas ainda pequenino. Ainda não vota e já lhe pedem um simulacro de decisão da vida.

Tive de o libertar da teia redutora e normalizadora do ministério da educação, dos "ministérios todos" assegurando-o da não necessidade extemporânea do seu livre arbítrio. Certificando-o da importância perfeitamente reversível da sua "não-decisão". Não é uma indecisão, é diferente, é uma "não-decisão", alguns senhores não sabem ver isto, mas é assim mesmo. O 10º ano é uma curvinha da vida que ainda não carece de ABS, não é?
Tanto penso assim, embora tenha tido de pedir conselho (isso é outra conversa) que lhe disse, depois de acesa discussão explicativa: "então, em que ficamos?". Ele respondeu-me "decide tu, ora! eu pedi isto, por acaso?".

Vai para científico-tecnológicas. Ponto final. Espero não me arrepender da decisão dele, raio do rapaz.

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