blog caliente.

7.2.06

Por acaso estava fora de jogo, pareceu-me

Pronto, admito que não é dispepsia que tu tens. É apenas "um bocado de indigestão". O que vai dar no mesmo, mas eu sou tolerante.
De facto, lolita, eu não sou intolerante. Gosto da tolerância, tu sabes. Chateiam-me é os excessos de tolerância, sobretudo para com os intolerantes. É diferente. Já me expliquei, só a tua azia te cega (e o Baía no banco, que chatice...).

Não tenho nada uma visão "nós-contra-eles" do mundo. Nem, mesmo, uma visão "eles-contra-nós". A bem dizer, não consigo ter uma visão bipolarizada do mundo: é muito redondo. Está complicado, não está? Eu tento, apenas, orientar-me: não se apedrejam mulheres, não se mutilam pessoas, não se incendeiam embaixadas por causa de caricaturas, não se lincha gente no intervalo de cerimónias, nem no fim delas, não se vende a mãe, não se deixa de condenar o condenável porque o compreendemos. Essas puerilidades.

Já que insistes em falar "deles", eles não se limitam a fazer mais barulho que nós. Quem são "eles", aliás? Os mabecos? Os que os atiçam? Seja como for, como muito bem sabes, e eu não disse o contrário, há, em nós e neles, um imenso potencial para sermos merdosos: basta estar a maré vaza e os despejos terem sido muitos, nesse dia de especial chafurdice, que nos tornamos perfeitamente intestinais. Agora, eles, além de berrar, encontram (ou dizem-lhes que sim) especial motivação na berraria. E matam, iluminados por essa visão do inferno que cuidam ser a redenção. Cá como lá? Mais lá. Porque são pobres? Admito. Discutimos os regimes, pode ser.

E, já agora: não é por "não haver ninguém que detenha o exclusivo do mal" que eu me esqueço da mulher apedrejada e do linchamento de Quebradas. E doutras coisas. "Ó minha senhora, desculpe lá estar a levar com essas pedras na cara enquanto está enterrada quase até ao pescoço, mas não podemos dizer nada sobre isso, porque, como sabe - párem lá de atirar pedras só um bocadinho, vá, que eu estou a falar com a senhora! - o mal não é exclusivo de ninguém".

Eu nunca disse, nem pensei, que o mal é exclusivo de quem quer que seja. Disse, até, ali para baixo, que "há em nós muita maldade" e que isso me envergonha. Para que fique mais claro, afirmo, ainda, isto: o mal não é exclusivo de ninguém, de nenhuma pessoa individual ou colectiva, admito; mas não é a falta de exclusividade do mal que me impede de o repudiar. A ele, ao mal, e aos malvados, os ocasionais e os recorrentes.

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