O cerco
Lá fora, o mundo é diferente. E, às vezes, esquecemo-nos disso.(pausa para pegar no controle remoto e subir um grau o ar condicionado)
Cá dentro, cultiva-se o relativismo. Paixões e fé, só a propósito do futebol.
(pausa para reparar que a alcatifa, na zona junto à janela, me parece ligeiramente queimada da exposição ao sol)
Lá fora há poucas estradas alcatroadas.
(considerando que a Nissan Navara do Carlos Sousa não se comparava com os carros das equipas oficiais, ele teve um excelente resultado)
Cá dentro, andamos a discutir se o Cavaco desenhou mal o IP4
(Qualquer dia tenho que mudar os pneus do carro)
Lá fora há fome. Frio. E medo.
(Lá pelas onze horas sou capaz de ir tomar outro café. Talvez comer um queque)
Cá dentro, também há pobres. Por acaso, alguns deles vêm de lá de fora. Parece que se juntam nos subúrbios das cidades, mas na verdade não sei muito disso ... nunca vou para essas zonas.
(Por acaso, o jornal de hoje nem relata nenhum crime suburbano. Se calhar a PSP nessas zonas já anda melhor armada)
Lá fora desprezam-nos.
(Aquele Primeiro Ministro do Irão parece uma personagem de um filme do Stallone. Ou do Steven Seagal. Não que eu veja filmes desses, claro, que eu prefiro o cinema francês e os seus retratos da complexidade do espírito humano)
Cá dentro, desprezamo-los.
(a propósito de filmes franceses, uma amiga emprestou-me um filme em DVD, chamado "Dinner de Cons". Muito divertido. E não tinha argelinos.)
Em conclusão:
a) Está a altura de eu voltar a ler um livro do H.G. Wells (não, não é o da "Guerra dos Mundos", é o outro, o "A Máquina do Tempo").
b) Enquanto é tempo ...
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