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3.2.06

Preliminares


W.A. Mozart, Requiem, Lacrimosa

Quando escutamos um Requiem estamos de preto, como num pasmo escuro, diante da beleza duma despedida. Nós é que fazemos parte.
Bastava sermos nós a estarmos ali deitados, também pasmados e de preto, vestidos com o último e esmerado cuidado de quem vai ser coberto, em breve, de flores e terra húmida, para sermos figurantes cegos e surdos dessa espécie de doação da nossa última ternura, da última comoção que emprestaríamos à dor dos adiados, já sem direito a devolução.
Não me parece que escutássemos grande coisa, nem que fizéssemos parte da beleza. Só da despedida. Mas, só por nós, não se escutaria música.

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