"provavelmente o melhor que ele já fez..."
Há agora uma telenovela nova, na TVI, que já espreitei duas vezes. Deve ser muito boa.O autor é o Tozé Martinho que, desta vez, se esmerou. Genial e inovador o processo usado para as pessoas perceberem que estão perante "flash-backs": fica a imagem a parecer antiga. Assim, sim: toda a gente percebe que vamos regressar ao passado. Não é?
Resumo o que vi.
Há uma catraia com cara de enjoada que é de Lisboa e que foi estudar para Aveiro e que é filha daquele tipo careca chamado Esparteiro. Que é casado com a Margarida Marinho e admitiu lá na empresa uma tipa com ar de quem anda ao ataque, que é a doutora Xana.
O Esparteiro não pode com um irmão desde o 25 de Abril, o que é recíproco. Pode ter origem na política (o irmão, que é o António Capelo, que esteve excelente na "Ferreirinha" - que, por acaso, não é da autoria de Tozé Martinho - era um radical admirador de Che Guevara e do Benfica, enquanto o Esparteiro "enquanto jovem", personagem desempenhada por um tipo qualquer, era "situacionista" e representava mal de caraças), em problemas de saias, de ausência de lingerie, ou, mesmo, em vários outros.
Um dos irmãos vive no Porto, o Capelo, e detesta os gajos de Lisboa. O outro vive em Lisboa e dão-lhe achaques só de pensar nos tipos do Porto. Isto é muito bom como conceito básico e denota que Tozé Martinho evita os chavões. Talvez não apoie Cavaco, à conta disto, Cavaco tem, apenas, uma chave.
Que havia de acontecer: a miúda com cara de enjoada, a de Lisboa, a que foi para Aveiro estudar, conhece lá um tipo que é do Porto. É o Granger, aquele tipo que já tinha idade para se vestir à homem e que só não usa mais relógios ao mesmo tempo porque tem os braços pequeninos. A enjoadinha apaixona-se pelo gajo do Porto, mas depois fica indisposta quando sabe que não é a primeira a levar nos entrefolhos "by gajo do Porto" e, sobretudo, que o Granger tinha deixado, atempadamente, semente numa namorada anterior, que é uma actriz de quem não sei o nome e que parece tomar calmantes/curarizantes, do ponto de vista da expressão facial. Vai daí, a enjoadita com cara de quem lhe cairam mal os panachés, enfiou com o Granger no Douro e foi-se escanchar na estação de S. Bento, não à espera do comboio, mas de duas amigas de Lisboa que vieram buscá-la num Golf cinzento metalizado. E que lá a levaram dali para fora.
O Granger fica piúrço, e resolve ir a Lisboa procurar a enjoadinha. Vai ter a um café manhoso num bairro qualquer, onde trabalha aquela actriz antiga que faz sempre de sopeira ou de dona de bares, onde pára a "turma da Joana" - é assim que se chama a petiza. Ou seja, pára ela e mais duas ou três e param os tipos que andam ali à babugem, a ver se lhes calha o produto. O vasilhame. Um deles, que tem olhos de extremamente burro, gosta da miúda, enfim, "sort of". Apetece-lhe. Estão naquilo, naquelas partes gagas que eu não reparei muito bem, chega o Granger, "eu sou do Porto, carago!", e leva um amanho no focinho, dos outros. Foi parar ao hospital.
Depois não vi um grande bocado. Vi quatro tipos que, pelo que se percebe, foram do Porto a Lisboa para vingar o Granger (que, por acaso, levou bastante na tromba...), todos com um cabedal que mais lhes valia fazerem crochet, e o tipo com cara de burro esconde-se lá no boteco, numa espécie de quarto escuro, alardeando um "agarrem-me se senão eu mato-os" notável. Um dos tipos que veio do Porto ainda arranja tempo para dar cabo duma baixela, à saída.
Ah! Entra a Fernanda Serrano e o namorado da Catarina Furtado, que fez um excelente Camilo Castelo Branco na "Ferreirinha". Não me lembro do nome da enjoadinha da Joana, nem do da doutora Xana, a gaja com cara de quem anda ao ataque.
Isto promete. Porto, Lisboa, comunas um bocado arrependidos, liberais carecas, gajas enjoadas derivado à inexpressão, gajas enjoadas por estarem grávidas, África, Portugal Ultramarino, amores impossíveis interpretados por um tipo do quilate dum Granger(!) e duma... bolas, será que a enjoadinha é aquela que escreveu agora uma agenda? Não me parece, essa não tem ar de quem precise de Nausef, é outra qualquer.
Já disse em casa: a partir de agora, TVI depois do jantar só quando o Delgado não escrever uma crónica. Ele escreve quase todos os dias, mas convém dar-lhe folga às vezes; e eu ando preocupado com outras coisas, vim só espairecer, desculpem qualquer coisinha.
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