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6.12.05

O primeiro round (esperando, a todo o momento, a pontuação atribuída por Luis Delgado, para alterar esta posta em conformidade)

Contrariamente ao que deduziu o Alonso, não me desagradou a postura de Manuel Alegre no debate. É certo que ele é mais eloquente na poesia do que na retórica, mas também é certo que ele tem bastante menos a perder do que Soares. E tem, como bónus, a segurança de ser o candidato da esquerda com mais intenções de voto. A postura serena, de quem não corre atrás de coisa nenhuma, favorece-o na mesma medida em que prejudica, a Mário Soares, aquele discurso redundante, catatónico e persecutório contra Cavaco, que, a este, nem belisca.

Se Cavaco Silva perder intenções de voto - e eu espero muito que sim, ou deixo definitivamente de perceber o que quer, afinal, da sua vida esta maioria gregária que vota por habituação e obediência, em doses paritárias -, só a ele próprio deve esse drama pessoal. Intencionalmente ou não, Manuel Alegre ajudou-o nessa obtusa tarefa de insistir naquele cacarejo pobre de conteúdo e desagradável à vista. É, por isso, natural que Mário Soares tenha destilado o veneno esperado. O debate não se transformou um circo, olha que espanto. Com Soares, o mestre da sibilina retórica, há-de ser comparável a uma luta de wrestling. Conforme se tem visto, de pouco lhe serve. O estilo de Soares está obsoleto e o de Cavaco nunca sequer existiu, acima dos candidatos a presidente de junta de freguesia do concelho de Sernancelhe.

E a SIC, helás! perdeu audiências: Manuel Alegre não colaborou, que grande maçada. E os eleitores de Cavaco já não os tinha, que estavam entretidos a ver o Tó Zé Martinho na TVI. São como o candidato que apoiam: não vêem nenhuma vantagem em discutir coisas sobre as quais têm certezas. E eles também têm a certezinha absoluta de que vão votar no Cavaco.

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