Peço pouco, mas peço. Dar, dou mais. Acho eu.
José Medeiros Ferreira, que toda a gente sabe quem é, relançou o tema do anonimato na blogosfera e, por arrasto (porque uma coisa não está ligada com a outra, a não ser pelos motivos inerentes ao facto de toda a gente saber quem é José Medeiros Ferreira e ninguém saber quem é o besugo, é mesmo por aqui que se vai), a questão da utilização pela classe jornalística, quando "on duty", de escritos e pensares da blogosfera.Se, em relação ao primeiro tema, parece que isto é consensual (eu, que assino besugo, posso ser responsabilizado pelo que escrevo, ainda que não me fosse revelando no que vou escrevendo, ao ponto de ser possível, facilmente, ir pescar-me ao hospital em que trabalho, encostar-me à parede e esfregar-me nas ventas rebentadas o anzol acusador do "então tu dizes isto, hem? pois, pois..."), já em relação à segunda questão, que se situa noutro plano, é dum foro mais elitista.
Não tenhamos medo às palavras, cada mister tem as suas elites, as elites não são pecado.
Acredite, Medeiros Ferreira, que ninguém vai inspirar-se no que escreve o besugo para fazer um editorial, ou uma "caixinha" de 1 por 16 avos de página, em jornal nenhum. Não, aí a questão é, mesmo, com os senhores, os que são conhecidos, os que assinam o que pensam e escrevem e permitem, mesmo assim, que isso lhes aconteça. Os senhores é que têm de fazer o que faz José Pacheco Pereira, por exemplo: ninguém lhe usurpa o Abrupto, porque o Abrupto é ele e - ele faz gala em que isso se saiba, e faz muito bem - toda a gente sabe que é ele. E mais: que é dele. E se lho usurpam, ele refila. E alto! Os senhores, já que assinam, mesmo que não sejam, aqui, o que são sempre, têm de fazer saber que são, ao menos às vezes, isto aqui. Doutro modo, serão sempre roubados no vosso pensamento, deturpados. Referidos, anonimamente, "entre outros". E não passarão de besugos que assinam. Isto, para mim, seriam batatas. Mas para si, não. Pense nisso, por favor.
Quanto aos comentários, permita-me um conselho, que eu não assino mas ando aqui há quase dois anos (aproveito para lembrar que fazemos 2 anos no dia 24, agora já se percebeu por que raio é que escrevi isto, suponho, eu traio-me sempre; bom, pode ser uma prenda pequenina; já agora, uma caixa de queijadas de Vila Franca do Campo, ou um bolo lêvedo): não os permita. Pelo menos anónimos. Há muitos blogues, quem quer faz um, é fácil, e quem quiser falar consigo, interpelá-lo, mesmo deixando - era o que faltava que assim não fosse! - ao seu livre e legítimo arbítrio o incómodo de responder, pode fazê-lo assim: no seu próprio blogue. Como eu fiz agora. Na blogosfera é assim: eu não sei se me vai ler, não sei se me vai responder, ainda que me leia, mas fiz uma inscrição no blogger que lhe permitirá saber quem sou, se eu o incomodar. Isto é verdade. E o mais engraçado é que é verdade também para si.
As caixas de comentários são muito interactivas, podem resultar em excelentes punhetas virtuais, mas constituiram-se na nova diversão dos tarados provindos de certos "fora" pouco recomendáveis: "deixa-me lá ir mandar umas bocas ao Medeiros Ferreira, ou à Mãe, antes de ir ver a SIC Radical e mandar SMSs para aquele programa buédafixe".
Isto vale o que vale, é a minha opinião. O Murcon (não linko, porque ele não linka ninguém, gosta da caixinha dele, basta-lhe isso, tem esse direito), por exemplo, faz exactamente ao contrário.
Não caia nessa, digo-lhe eu. Mantenha a sua casa limpa do "lixo internáutico", esse sim, verdadeira e torpemente anónimo. Anónimo, mesmo, no sentido das cartas do Dâmaso acerca do Maia, publicadas na famigerada "Corneta do Diabo". Evite isso, se puder, enquanto puder.
É que nem sempre há-de ter aí, à mão, um Ega que conheça o Palma Cavalão que, por sua vez, o há-de levar ao seu Dâmaso, para o senhor lhe poder favorecer o lombo com as merecidas bengaladas.
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