blog caliente.

25.7.05

Pesadelos de besugo

Adianta-me um grosso não me ir deitar. Acordarei mais cansado, apenas.
Mas tenho de vos contar o meu pesadelo recorrente. Um deles. Ou mesmo dois.

Num, estou na sala de emergência com um pneumotórax asfixiante. Deitado, nu, algaliado, todo eu só carne. Uma farda azul, peremptória, recusa meter-me um dreno porque se vê, na radiografia que me fizeram entretanto, já algaliado, uma massa inoperável num dos pulmões. E diz, definitivo, "que não fumasse". Só não morro porque acordo.

No outro, estou a sair do bloco, sempre deitado e algaliado, adoram meter-nos tubos de silicone pela pila, depois de cirurgia urológica que me fizeram. Ou outra cirurgia qualquer. A farda azul (ou mesmo verde) diz-me, do alto da boca, que já está. Pergunto se tenho metástases e a boca alta e cerrada sentencia "que sim". O que me consola, porque gosto de pensar em mim como uma desgraça sistémica. Depois, num estertor, ainda balbucio "eu sou um de vós", mas a boca responde-me, sempre cerrada, que já não.

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