blog caliente.

24.7.05

Como se vos quisesse deixar alguma coisa

Um blogue não faz anos. Nem dias. É como as pessoas.
Não há tempo. É sempre agora. Porque agora não há tempo.
Deve ser por isso que me esqueço sempre dos aniversários quase todos: por ser sempre agora e porque não há tempo.

O que é pesado, difícil, agreste, pouco doce e doce ao mesmo tempo, é os "agoras" de agora trazerem sempre, agarrados a si, os "agoras" mais antigos, como se os "agoras" de ontem fossem os electrões que estabilizam um núcleo excelente, um núcleo em que cada neutrão se tripartisse, como se sabe agora que acontece, e ontem (agora?) não. Como hei-de explicar Física e Química aos meus filhos se, nos livros deles, não se fala, sequer, de "quarks"? Um núcleo, com a sua estrutura orbital perfeita, não é mais perfeito, nem mais complexo, que a nossa memória. Até porque a nossa memória é a subjectivação da perfeição molecular. Também não passará disso, valha a verdade.

Aprendemos o ontem hoje, o hoje amanhã. Por isso é que é sempre agora.
O tempo é uma ilusão. O que tiver de vir de mau, virá. O que estiver aí de bom, à espreita, virá também. Não depende só de nós. O que depende de nós é muito pouco. Porque nós somos poucos, também. Há muitos, mas eu estou a falar de nós.

Não se pode meter tudo numa frase, nem sequer num escrito inteiro. Há quem pense que sim, mas isso são súmulas pequenas, resumos de informação, sumários. Mais nada.

Quando o blogame mucho fizer dois anos merecerá os parabéns de ontem, de hoje, de sempre, nenhuns. Mas não há-de ser por nada de especial, nem hoje nem naquele dia.
É por isso que o blogame mucho faz hoje dois anos. Porque tanto faz.

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