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22.7.05

Povo que "botas a cruz"

Mais um banho de bola que se saldou num empatezinho. Era a brincar, mas o banho de bola fica. Não foi um banho muito grande, foi um duchezinho. Mas viu-se bem, foi lavadinho. O Sporting tem tudo para dobrar a primeira volta já com dezassete pontos de avanço sobe os lampiões e os andrades luso-brasileiro-argentinos.

Li críticas a Freitas por defender que os impostos não devem ser dicutidos em campanha eleitoral. Isto é engraçado. Ele tem carradas de razão. Do ponto de vista do "elegível político", discutir os impostos geraria uma controvérsia com custos eleitorais que contraindicariam, sempre, a discussão. Isto é fácil de entender. Ninguém quereria (tirando cerca de setecentas pessoas) discutir isto a sério. Milhões de pessoas quereriam, sobretudo, penalizar isto. Seria uma discussão que redundaria num rotundo "impostos a subir, não!". E parece que esse "não" levaria, tão somente, a que os impostos fossem aumentados por outrem, menos propenso às discussões sérias, em campanha.
Ora, a isto chama-se sabedoria. O povo não quer discutir. Melhor, querer, quer. Mas não é isso dos impostos. Isso dos impostos, é logo "não". Não é por nada, discutir com o povo, se o povo diz que não, é porque não. Não é por mais nada.

Não me gozem.

O que o homem quis dizer é pura estratégia política, não é um processo de intenções sobre as virtualidades da discussão, a outro nível. Sabemos todos que a discussão pode parir a luz, mas só nas raras vezes em que os interlocutores apreendem um centésimo (ao menos) do que se discute. Na maior parte delas gera, a discussão, se generalizada, unicamente ruído. Um tilintar de faqueiros fracos ao desafio.

E de ruído estou eu farto. Dizer "que depois se vê quanto vos vamos sacar" não chega a ser uma crítica. É uma antiga regra geral usada por quem sabe que discutir com o povo não é informá-lo e deixá-lo falar. O povo não precisa disso, porque o povo acha, invariavelmente, que está tudo mal. E tem razão, se estivesse bem até o povo se lavava mais e opinava menos.

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