Por terras de galegos
Está quase tudo no fim. A semana, o fim dela, as curtas férias.A Lolita regressou bem, disse-me agora.
Não houve sol, antes trovoada e chuva grossa. O Douro, quando cinzento, enlouquecido, faz retesar os músculos, revitaliza. Se vai azul, esverdeado, calmo, também. É um rio duro.
Há quem não saiba, a não ser molemente, de Douro nenhum.
Houve, contudo, risos e calores. O episódio de resguardar o cão da chuva, na cozinha velha, excelente acção que, houve quem o afirmasse, "rendeu dois golos ao Sporting!". Dois a zero ganharíamos sempre, pelos vistos. Houve a eterna e recorrente discussão do indiscutível, frases com muitas palavras (ou mais curtas), mas com as palavras certas. Ou assim nos pareceu. Morreu-nos o Papa e entristecemos um pouco, mais humildes, sempre, que a torpe gente das certezas de Corin Tellado.
Houve Bardem, Almodovar, Carne Trémula e Vera Drake, sempre com a carne trémula, todos à mistura e um de cada vez. Houve lareiras acesas de manga curta. Concurso de lançamentos de "3 pontos", sem direito a prémio. E de afundanços (mais o Zé Pedro, convenhamos). Houve tempo, mesmo, para quem gosta de pensar demorando-se, me enfiar com uma Spalding (oficial!) no trombil. "O cesto estava longe!". Evidentemente, deve ter-lhe parecido tão longe como a porta da garagem, pois... Há sempre coisas que estão tão longe que só nos parecem perto quando embatemos contra elas. E, mesmo assim, depois dizemos "foi só isto? olha que caca!".
Falou-se de blogues, claro. Não havia era "net", que as trovoadas, aqui, são redutoras. Só houve hoje. E charlou-se da escrita. Cheguei a ir buscar uns livros velhos, pérolas da vetusta livraria Setentrião, para mostrar como escrevia o falecido pai do Dr. Otílio de Figueiredo. Escrevia bem, desenhava bem, nos seus "canhenhos", o pai do velho Dr. Otílio (que é mais novo, mas não muito, que o meu pai). E que tem tido problemas de saúde, como costuma acontecer aos médicos (mesmo que sejam talentosos e respeitados cirurgiões): só os doentes têm problemas de doença. Foi como se relesse, portanto, o meu avô, de manga curta e lume aceso em cepas velhas.
Como só hoje houve telefones, só hoje soubemos. Mas os prémios do Miguel, no fundo, acabaram por ser bem entregues. Digo-o com profunda inveja (quase roxo dela, admito), mas bonançoso. E vaselinado, às camadas, duma suada e custosa justiça.
A Lolita ficou de escrever melhor sobre isto. A ver se cumpre.
Como é que diz o José, torcendo-se todo, Lolita? "Aqui no se vay matar ninguén, carallo!" . É assim, não é?
"Sí, que sí, coño!".
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