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31.3.05

Redefinir limites

E não se pense que a alimentação por gastrostomia (como no caso Schiavo) não é uma manutenção artificial da vida. Não fosse a tecnologia da medicina e há muitos anos, teria já sobrevindo a inexorabilidade da morte, num corpo, que apenas consegue manter autonomamente a respiração, os batimentos cardíacos e o equilíbrio homeostático. Reforço... num corpo, porque apenas na forma se assemelha a uma pessoa!

Assim escreveu medman, após citação de Machado Vaz. Que, valha a verdade, não disse nada disso.
Disse, apenas, que já escolheu. E disse-o clara e tocantemente: não quer sobreviver-se.

Uma gastrostomia, medman, não passa duma espécie de sonda nasogástrica que não passa pelo nariz. Alimentam-se, assim, doentes que têm, por exemplo, cancros do esófago, com estenoses importantes, em que a sonda não passa e não é possível colocação de prótese. Alimentar por gastrostomia é alimentar, só isso. Nada há de artificial nessa alimentação, a não ser na forma de alimentar. É como se fosse pela boca, ou por sonda nasogástrica. É alimentar.

No caso de Schiavo, está ali a alimentar-se um ser vivo. Não é um corpo. É uma pessoa. A não ser que Medman, a um corpo que respira, cujo coração bate (e do equilíbrio homeostático nem sequer falo) e cuja morte cerebral não foi estabelecida, declare faltar-lhe uma alma.
E isso remete para outras profundezas.

Sejamos claros: a alimentação não representa uma medida de suporte avançado de vida; e não se sabe se Schiavo disse ou não disse o que se diz que pode ter dito.

O que eu digo é isto: estivesse ela ligada a um ventilador, não se verificando morte cerebral, nem havendo certeza da sua vontade prévia, NINGUÉM em Portugal se atreveria a desligá-la do Servo, quanto mais a poupar-lhe na papa entérica!
Ou estamos, apenas, a brincar ao faz-de-conta que era assim?

Júlio Machado Vaz já escolheu. Eu, se calhar também.
Mas havemos, se calhar, cada um de si, cada um por si, de fazer documento mais criterioso, sobre isso, em tempo oportuno. Claro, se tivermos tempo.

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