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20.1.05

Não percebo

Parece que António Costa resolveu empurrar Sócrates na direcção do costume: o PS pede aos portugueses uma maioria absoluta. Aliás, cabe aqui corrigir uma coisa simples: é mais um sentido que uma direcção, uma direcção tem sempre dois vectores, dois sentidos. Isto é matemática, a vida tem muito disto, embora não pareça.
A bem dizer, Costa empurra Sócrates no sentido que pressente ser o único que convém ao PS. E não é. Eu gosto muito mais de Portugal que do PS, mas fico perplexo perante esta súbita fuga para a frente do PS.
O PS nunca teve maioria absoluta. Pôde sempre flutuar, entre fracassos, nas desculpas de nunca ter podido ser o que poderia ter sido. Ressuscitou das cinzas por isso mesmo, sempre. Nunca se assumiu, desde há quase vinte anos, como um motor, nem sequer daqueles a dois tempos. Foi sempre, para meu desgosto, uma espécie de "ponto morto". Preferiu, sempre, ser uma "alternativa viável" em tempo de oposição, um "peço desculpa, mas não nos deixam" em tempo de poder.
Que mudou agora? Sócrates é mais o quê, que eu não estou a ver, que até vejo menos do que dantes via? Para que quer o PS uma maioria absoluta nesta altura?
Reparem, não falo do País, não falo de nós todos, com as nossas visões diferentes para o que é nosso. Falo do PS, estratégia política simples dum partido de que gosto. Estratégia simples porque sou eu a falar, note-se. Só por isso.
Não é altura de mostrar vontades férreas, de governar sozinho. É altura, mais do que nunca, de partilhar poderes, de abrir as portas. Ao resto da esquerda, que ou se queima connosco ou nos ajuda a fazer diferente. A mesma direcção, a mesma trajectória, mas um sentido diferente. Como se insistir em dar boleia fosse um recuo, fosse inverter o rumo. Nada disso.
A partir daqui, falha a matemática. Aplicada aos homens falha mais, a matemática. Os vectores proporcionam jogos de forças, as forças são representadas por vectores, há muitos sentidos, sempre o dobro das direcções. Mas pode equacionar-se a mesma direcção, o mesmo sentido, dum somatório de vectores. É saber escolhê-los e somá-los.
A menos que o PS já não faça parte de "resto da esquerda" nenhum. Isso trairia o meu raciocínio, evidentemente. Traí-lo-ia ainda mais que a minha estupidez.

Eu peço desculpa por vos maçar com isto.

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