Aos votantes
Por falta de tempo minha e por excesso de retórica do Alonso, tive de digerir isto em duas vezes (pelo menos, irra, que incontinência verbal!). Mas li, ontem à noite, aturada e pacientemente, toda a interminável tese sobre o mapa de eleitores nacionais do ponto de vista - dado não dispiciendo - de um lisboeta-importado-das-beiras, profissional liberal e fortemente-inclinado-para-a-direita-bem-definida. Dessa densa leitura concluí que, na opinião do Alonso, o eleitorado de direita pensa mais, é mais crítico e mais esclarecido; ao passo que o eleitorado de esquerda ou vota disciplinadamente ou deixa-se invadir pela demagogia pós-modernista da esquerda de vanguarda. E isto, acho eu, é o Alonso a esforçar-se por ser imparcial.O Alonso, porém, não quis retratar-se nesta extensa, mas não exaustiva, descrição. Estive para incluí-lo nos conservadores mas desisti, porque duvido que ele alguma vez tenha votado num partido tão à esquerda como o PSD. Nos liberais muito menos, porque o Alonso nunca proferiria uma frase do tipo "economistas de reputação indiscutível" sem ser em tom de crítica jocosa. Enfim. Só restariam os eleitores saudosista/salazaristas, mas fico confusa: o Alonso não é nem padre, nem comerciante, nem retornado das ex-colónias...
Faltam alguns possíveis eleitores, parece-me. Dou exemplos: as fans do Santana Lopes. Os defensores do ambiente. Os saudosistas do soarismo. Os nostálgicos de Sá Carneiro. Os admiradores de Marcelo Rebelo de Sousa. Os activistas de Canas de Senhorim. Os imigrantes naturalizados. Os eleitores que votaram no Castelo Branco para rei da Quinta. Enfim, uma infinita lista de grupinhos de características ainda indefinidas, mas investigáveis. E de perfil apropriado para investimentos em propaganda...
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