blog caliente.

10.11.04

Darwin

Leio frequentemente, com gosto, o Observador. Às vezes não concordo, gostar e discordar podem coexistir pacificamente.
Desta vez, retive duas afirmações que, embora desinseridas do texto, que é mais longo e assumia a forma de resposta a um outro blogue, não ficam (parece-me) desvirtuadas do contexto por dele terem sido excisadas.

O liberalismo, quando selvagem, leva a inúmeros problemas. A questão está em saber como os evitar. Os socialistas, que aceitam a civilização liberal, querem utilizar o Estado para tal. Mas, no meu entender, é possível ir por outra via que passa pelo regresso a uma ideia, há muito desaparecida na nossa sociedade, que é a responsabilidade pessoal, o sentido de cumprimento do dever.

Acredito profundamente na primeira frase. O maior problema do liberalismo selvagem é, exagerando muito pouco, o regresso à concepção pré-histórica da vida em comum, ao espírito de clã, ao velho Darwin: quem tem fogo, aquece-se, cozinha, controla; quem não tem, que pena tão grande!
O que duvido é que o sentido da responsabilidade e o do cumprimento do dever, essas subjectivas sensações, sejam antagónicos do dever obrigatório de solidariedade com quem pode menos. E que uma sociedade assim, tão entregue à subjectividade duma quase auto-avaliação do honesto empenhamento, se auto-regule com justiça.

"O que critico, no nosso sistema de ensino, é que, além de ele ser injusto (há quem não o utilize e por ele pague o mesmo daqueles que o usam) ..."

Não critico o sistema de ensino (julgo que se refere ao público) por isso. Quem não o usa, porque pode e quer escolher outros caminhos, que também existem, deve contribuir para que quem não pode escolher possa usar, ao menos, esse.

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