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9.11.04

Simplicidades

Arafat deve estar quase morto. Faltará pouco tempo, às tantas, para que se coloque a questão de verificar se o cérebro do velho Yasser já morreu. A morte cerebral, desdenhando questões mais ou menos metafísicas, implica a assunção da morte do indivíduo que era dono daquele cérebro, por muito que o coração ainda lhe bata e os rins lhe funcionem.

Colocam-se, a este respeito, algumas questões muito simples, cuja resposta deveria ser, também, singela e calma.

Duas são estas.

1. Quem deverá decidir, perante a futura evidência demonstrada da "morte cerebral" de Arafat, a cessação do suporte avançado de vida que o mantém, para já, "deste lado"?
A família chegada.

2. Onde deverá Arafat ser enterrado, quando morrer?
Onde tiver pedido, se para isso tiver tido tempo. Em alternativa, onde a família pedir. Não há nenhum solo digno de mais, nem santo demais, para receber o corpo acabado de ninguém.

Se não estivéssemos tão torturadamente submersos na nossa ambivalência analítica, seria assim. Dolorosa (a morte causa sempre dor a alguém) e calmamente fácil.

Já sei, já sei:
"Mas, burro besugo, tu não vês? E depois?".
"Depois o quê?".

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