Um género da espécie
Continuo a acreditar que o feminino é algo de precioso. Como tal, e por inerência, pretender que o feminino, por si, gera discriminação (mesmo que positiva) é quase um absurdo. A gratificação do feminino (antagónica do
feminismo) convive, aliás muito bem, com uma certa impaciência perante a perpetuação do arquétipo da mulher serena e protectora, cujo papel social se resume a
assistir, mais do que a
participar - o que, na prática, equivale a
acatar. Não há, mesmo, esse flagelo estrutural a que se insiste em chamar de "problemas das mulheres", sobretudo para aquelas (e aqueles) que têm mais ou melhor em que pensar. Conheço poucas mulheres que não se fascinem por um par de sapatos ou que não se sintam incomodadas pelas variações hormonais ao longo da vida e do ano. Mas não confundamos: no plano dos princípios, a igualdade de direitos cívicos está assegurada. Naquilo em que ainda não está (sim, há mulheres discriminadas no trabalho ou vítimas de violência conjugal), essa igualdade já não depende, nem podia depender, de causas e de movimentos: depende, nuns casos, da regulação do mercado; noutros, da "law enforcement". É que, no fundo, no fundo, e exceptuando os casos de grave condicionamento, cada um pode construir o seu próprio destino. E isto é, na verdade, uma regra universal dos Homens.
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