"Foi o pior golo da minha vida."
Foi um daqueles desconfortos irritados, provocado pelo vandalismo anónimo de que todos temos um dia de ser forçosamente vítimas e desolador por todas as razões possíveis, incluindo pela frustração dos planos já delineados; que por acaso hoje estava sol e frio, um daqueles dias de Inverno em que ninguém se importa tanto de sentir frio porque está sol. Até pelo vidro partido, felizmente não chovia. Pesarosos, cancelamos a ida, muito negociada, ao Mac Donald's, depois de nos inteirarmos de que um vidro lateral de uma carrinha, mesmo pequeno, não há em
stock assim, do pé para a mão; mas que, felizmente, há sucedâneos em acrílico, já mais "encontráveis". O rapaz a quem cabia substituir cacos por acrílicos prendeu-nos a atenção: que estranho, no meio do Porto, em reduto portista, dar com alguém que, por sorte do destino, tinha a fisionomia exacta de um benfiquista famoso - aquele que abalou de malinhas feitas para o futebol italiano, supõe-se que em busca de glória e riqueza, e que, incansável, conta diariamente aos portugueses que quando meteu um golo ao Benfica se sentiu uma meretriz. Isto apesar de só regressar ao clube de tanto o enche de júbilo uma década (ou mais?...) depois, assim que se deu conta de que as tais glórias e riquezas já bastavam e que podia, enfim, dar início ao
show do estoicismo de um emigrante de luxo (show esse que, convém não esquecer, também lhe rende mais uns trocados de riqueza).
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