blog caliente.

12.12.06

É talvez uma surpresa

Mas, lolita, como agora me surpreendeste, deixa-me que te diga o seguinte, que admito te possa surpreender:

a) Não acho que seja mero desejo de vingança ter pena da morte de um ditador, porque se queria fazê-lo enfrentar, em vida, aquilo que fez enquanto foi isso mesmo ... ditador;

b) Assim, não só compreendo, como simpatizo com todos aqueles que, com razões próprias de dor, sentem haver injustiça nesta morte sem julgamento no mundo dos vivos;

c) Cá se fazem, cá se pagam, ou devem pagar, parece-me certo;

d) Do Pinochet, tenho poucas opiniões seguras. Que o Chile lhe deve muito de bem, não tenho dúvida; que é um "case study" de ditadura latino-americana transformada em democracia "por dentro", também não tenho (diga-se o que se disse sobre se ele pensava ou não ganhar o referendo, fez - ao submeter-se a votos, o que nem o Fidel tem coragem de fazer); que transformou o Chile, economicamente, num oásis daquele continente, parece-me certo; que isso permitiu - ainda sob o poder dele - uma sociedade aberta, culta e com classe média, também (e só isso permitiu a democratização da mesma, o que uma sociedade de ricos e pobres não permitiria)

mas ...

e) Foi violento, sobretudo no início do seu "consulado". Morreu gente, muita gente. Foi à espanhola - ao contrário do nosso Salazar, espécie de "case study" também, mas por outras razões.

f) e com isso eu não me identifico, nem pactuo. E, mesmo não esperando que o Pinochet, tão longe de politicamente aceitável hoje, tivesse um julgamento político tão impessoal e imparcial como será o julgamento histórico a que te referes, preferia que tivesse sido julgado.

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