blog caliente.

8.12.06

Chega cheio: de Europa?, cheio.

Ségolène Royal promete (ler aqui), se for eleita presidente, fazer da França "uma das locomotivas da Europa" e assumir a "responsabilidade histórica dos socialistas" de dar respostas claras "às desordens do mundo".

Donde se depreende que esta gente pensa que é tudo, mais ou menos, à base de caminhos de ferro; e que, a haver locomotivas, a França será só uma - penso que Portugal será outra, mas não se sabe ainda; e que as desordens do mundo precisam de respostas claras, que serão dadas, evidentemente, pelas locomotivas. Que têm responsabilidade histórica.
Que o digam os índios americanos.

Por falar em americanos, esteve lá um. Um democrata. Um democrata americano é a coisa mais parecida com um socialista que se consegue arranjar na América? Deve ser, embora continue a ser muito mais parecido, em regra, com um republicano americano do que com outra merda qualquer.
Sócrates, contudo, protestou-lhe amizade e um regozijo qualquer que lhe apeteceu protestar-lhe; e é sabido que também há quem encontre na ideação de José Sócrates semelhanças com determinado conjunto de valores e de práticas que, segundo me asseguram, são uma espécie de socialismo. Se estivermos um bocadinho entusiasmados.

Para o nosso primeiro-ministro, a quietude é um aborrecimento. Ele tem os olhos de quem padece duma hipercinese qualquer nos globos oculares e, eventualmente, em outros locais que agora não sei dizer e espero não saber nunca. Se a senhora francesa quer locomotivas, ele quer logo "repor a Europa em movimento".

Ora, da última vez que se viu a Europa em grande movimento foi na Grande Guerra, mas ele nada teme disso e, aparentemente, refere-se - nisso de repor a Europa a mexer - ao combate ao desemprego e à precaridade. Para ele, movimento é isso. Ele quer uma Europa que resolva isso. Em movimento. Ele vai estando quieto nisso. Mas em movimento. Ele vai piorando isso. Mas quieto. Em movim... já se percebeu o alcance disto e a graduação do tinto do repasto: um tenente-coronel, no mínimo, esse tintorro.

Sócrates também já fala numa Europa pós-petróleo. Hei-de lembrar-me dele e dela, dessa Europa bela, que "deve falar a uma só voz, mas em todas as suas línguas e em todas as suas almas" (que puta de Babel de putas, essa Europa, hem, ó Ségolène?!), quando for atestar o depósito de gasóleo.

Atestar o depósito da locomotiva, evidentemente.

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