blog caliente.

12.11.06

Rotas

O interno ia jantar, todas as quintas feiras, com outros internos que conhecia. Era uma cisma que durou esses seis meses aos outros quatro, mas que perdura ainda hoje no interno, mesmo aos domingos.

Éramos cinco.
Era sempre no "Cidade" que se comia, inteira, aquela noite de quinta feira toda, porque ficava à mão de quase toda a gente, a noite de quinta feira e a cidade velha à mão da noite. As entradas eram sempre búzios, já sem casca, mas todos ouvíamos o mar nas cascas que faltavam e no vinagrete que abundava.

Depois variava.

A última paragem era na Ribeira, no Folie, que já nem sei se há. Um dia, o Zé Rodrigues perguntou a uma das alternadeiras incipientes que se sentavam connosco na última paródia "se não pagava nada", e fomos corridos dali com modos maus. E justamente.
Ficámos aborrecidos com o Zé Rodrigues, não por termos sido corridos, isso era o menos, mas porque não entendíamos por que tinha ele perguntado aquilo, por que melindrara ele a quinta feira assim, sem jeito e sem motivo.
Ele disse que era só para variar. E penso que os seis meses de nós os cinco se esgotaram nessa noite, na noite em que o mais instável e bonito de nós os cinco quis variar dos outros quatro. Variar é uma coisa que estraga todas as rotinas, despindo-as do sentido inteiro que pareciam ter, mesmo que não tivessem tido nunca sentido nenhum.

View blog authority