Também me dá para isto, pois dá.
A palavra "também" devia, obrigatoriamente, ligar ideias, coisas, conceitos; pressupõe uma certa iteração, independentemente da validade, da concordância, da contradição dos valores que assim se integram, que desta maneira se somam, numa frase." Fulano é vesgo e, também, adepto do Porto". Isto está correcto.
" Cicrano vendeu a mãe e, logo a seguir, também vendeu o pai". Isto entende-se, sobretudo em tempos de crise.
Da mesma forma que se pode dizer isto:
"Sharon Stone já precisa de muita luminotecnia mas, também, já podia ser avó."
"Sean Penn é actor e, também, um mau actor".
"Almodôvar faz filmes bons (ou maus) e, também, tem intestinos.
Reparem: isto tudo está correcto.
Agora isto:
"Carrilho é, também, um tipo antipático..."
"Manuela Moura Guedes é, também, uma espécie de cantora antiga..."
"Koeman foi, também, uma espécie de corte com o pragmatismo da velha Itália..."
"António Variações foi, também, diferente de Martim Moniz..."
"Vasco Graça Moura tem, também, uma espécie de aura..."
Isto é bacoco. Apetece perguntar: "muito bem, essa gente, esse conceito é (ou foi, ou tem, ou outro verbo qualquer - são sempre pequeninos, estes verbos, por acaso) isso tudo, também; mas, antes do também, essa gente, esse conceito, era (ou foi, ou tinha) mais o quê?".
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