(Re)iniciando as hostilidades
Ei-lo, ao Alonso, a quem não líamos desde o ano passado, revigorado, talvez, por um reveillon sempábrir ou, mais seguramente, pelo arrepio que lhe provoca o rally mais mediático do mundo, que ainda por cima desta vez lhe partiu quase à porta de casa.Bom Ano, Alonso. Para todos aí, sem esquecer a pequena Ana Drago, desejando-lhe que nunca chegue a Condolleeza em absolutamente nenhum ponto de vista, para o que nem sequer precisa de ser tão anti-americanista como eu cada vez mais me sinto. Talvez primária, hoje mais, admito, mas estou em crer que o meu nível de tolerância baixa fortemente quando sou, como é o caso, atacada de uma irritante dor de cabeça.
Cumpridas as felicitações e os votos, passemos à crítica. Lembro: dói-me a cabeça.
O Alonso não disfarça, sequer, o preconceito. É, para ele, dado seguro o de que há uma hierarquia moral das actividades lúdicas e que, nessa hierarquia, o automobilismo está uns vinte lugares acima do futebol. Daqui decorre que o automobilismo é um desporto que aproxima os povos, gera harmonias colectivas, fair-play na competição e cortesia a rodos (já para não falar no champanhe). E decorre, naturalmente, que os adeptos do automobilismo são pais afectuosos e educadores serenos. Por imperativo epistemológico, na tese quase lombrosiana do Alonso os adeptos de futebol mostram forte predisposição para a violência, para o fanatismo e para o tumulto.
Isto, Alonso, é descarado e tortuoso snobismo.
Eu prefiro ter um filho triste quando o Porto perde e eufórico quando o Porto ganha do que o ver aprisionado numa equidistância morna, condenado ao prazer insípido de (apenas) ver partidas de futebol bem jogadas. Prefiro-o, de longe, como hooligan virtual do que como situacionista fleumático.
Tu pensa bem, Alonso, tu que és pai e educador (e de qualidade, que eu bem sei) e, se achares que mereço resposta, explica-te. Enfim, também pode dar-se o caso de tudo isto ser deribado à minha forte headache.
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