O Chirola
Era bom. Não era o Maradona, mas também morreu de vício, como há-de morrer o "rollito de carne". Morrer de virtude é, aliás, fora de contextos estóicos de mártires por causas, uma mera seca de bambis.
Era bom. Jogava bem. Ficava-lhe bem o verde com o branco, às listas.
Morreu de cirrose, ruptura de varizes esofágicas. Aquilo é sangue às medas, às golfadas. Bebia muito. Viu-se depois, que bebia demais, quando se percebeu isso. Mas antes não. Bebe-se ou não se bebe, se é demais vê-se no resto, ou no fim. "Olha, foi demais". Pois foi.
Bebe-se, fuma-se, respira-se ar duvidoso, com ou sem asbestos (amiantos) "mesotelioplásicos". Absorve-se o pensamento de pensadores (o que é mau, pode dar varizes no cérebro...). E, depois, morre-se. E, se calha estabelecerem-nos uma causa de morte relacionada com a nossa vida, essa causa de morte quase que parece que exibe um letreiro de profilaxia: "não façam esta vida, que esta vida mata". Como se a maior causa de morte, no mundo inteiro, não fosse a vida, simplesmente, sem preservativos morais. Aliás, a vida mata quando mata. Morre-se de tudo, até de lombrigas e bactérias. É a vida delas, que morrem também.
É, basicamente, um caralho, isto. Um caralhinho, vá.
Há pessoas que acabam cedo demais, embora seja sabido que viver sem confraternizar, desde logo, com a morte é uma espera tonta, de olhos fechados. Um adiamento à base de requerimentos à contenção. Que se esgotam. "Ai, a mim, não! Eu hei-de ficar para podre. Para bolo podre! Torrem-me e ponham-me, depois, muita manteiga!".
Tá bem. Mas depois ninguém nos come, a verdade é essa. E, durante, também não. Quando muito lambem-nos um bocadinho pouco, de vez em quando, como fazem as freiras aos gelados.
<< Home