O problema dos meros
Há uma história antiga que se passa num barco e é assim:- Ó meu imediato! O senhor não mandou disparar a salva de canhões em honra da nossa Rainha por quê?
- Meu comandante, saiba vossa senhoria que por vários motivos.
- Bom, meu imediato, faça-me a fineza de começar a deixá-los escorrer por essa boca explicativa afora!
- Saiba o senhor comandante que os homens encarregados de limpar os canhões, enfim, o não fizeram...
- Isso é grave! Já foram açoitados?
- Não, senhor comandante. Os chicotes estão para arear, os punhos doirados... o senhor comandante, no último "réveillon" açoitou os moços da cozinha com as mãos cheias de molho de leitão e aquilo ficou pegajoso, misturado com o sangue...
- Bom, poupe-me a assuntos de magarefe. Que mais?
- Além disso, senhor comandante, estava de chuva. A pólvora, em estando de chuva, molha-se.
- E seca-se! E seca-se! Como eu, a pólvora seca-se!
- Pois, meu comandante, mas os marujos que labutam no departamento de secagem da pólvora e da roupa interior dos oficiais estavam nas Berlengas, em missão de observação de cagarras...
- Por Neptuno!
- Que adequado, senhor comandante! Sempre certeiro na evocação divina! Cada vez mais entendo a sua promoção, aqui há atrasado, a pensador de frotas!
- Ainda bem para si. É, de facto, o que sou. Pensador disso. E que mais houve?
- Houve que o chão do convés estava cheio de detritos...
- Detritos?
- Sim, um pequeno meteorito, aquele de dezasseis polegadas sobre o qual o senhor comandante dissertou há três semanas, na messe... caiu-nos em cima....
- Eu sabia! Eu observo muito, colecciono informação, isso talha-me para os augúrios! Fez um rombo no casco?
- Eu não, palavra!
- O meteorito, meu imediato, o meteorito de dezasseis polegadas!
- Não, senhor comandante, isso não chegou a fazer; mas fez detritos...
- E foi por isso que não dispararam a salva de canhão em honra da nossa Rainha!??? Por casua de detritos, humidades, gaivotas avantajadas e solarina?!!!!
- Basicamente, senhor comandante...
- E sem ser basicamente? Responda!!!!
- Bom, sem ser basicamente, agora que pergunta, também não havia balas...
"Prós e Contras". Adaptação livre. Pacheco Pereira (culto*) conseguindo meter os chineses e a sua competitividade baseada na fome - como se pretende que o mundo venha a ser, ele e alguns amigos a darem as ordens... atenção, depois, às dentadas, eu aviso - como problema não básico do mundo dos têxteis europeus e da sua competitividade. Pacheco Pereira, sim, esse senhor simpático e um pouco mole (tem a expressão daquele cãozinho que era chato como o caraças, dos desenhos animados, não me lembra o nome dele), nunca poderá ver um jogo de futebol a sério porque nunca há-de perceber como é que se pode gostar do Maradona. Do que também é a sério, do outro já toda a gente percebeu.
Por falar nisso, vou mudar de assunto. Yazalde, o Chirola. Vai noutro.
(*) A partir de agora vou passar a referir-me a determinados vultos da nossa modernidade, os que pensam muito por dentro de testas que, a nós, meros meros (são peixes mais meros que besugos, para quem não sabe o que são meros, substantivo comum masculino plural dum raio dum peixe que há!), nos parecem pouco vastas para esconder vastidões maiores, como "cultos". Já alguém fez isso, um dia, a Eduardo Prado Coelho. Penso que foi Herman José, essa pouco delgada criatura de Deus.
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