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4.1.06

Nichos é ninhos mal escrito, pois é?

No Diário de Notícias, notícias várias, opiniões, coisas.
Pelo meio, um inquérito:
2006 será melhor que 2005? Pode votar-se: sim, não, talvez.

Mais uma vez não é pedida justificação de voto, uma coisa em duas linhas, que fosse. Não é importante perguntar aos votantes "Olhe, desculpe lá, já agora, por que é que vota assim? Está optimista, por quê? Pessimista, por que carga de água? Indeciso, à conta de que tripa de peixe?".
Isto não é importante. Importante é que, depois, contam-se os votos e ganha uma das hipóteses.

E concluir-se-á que:

1 - Portugueses acham que 2006 vai ser melhor que 2005.
2 - Portugueses acham que 2006 vai ser pior que 2005.
3 - Portugueses acham que, talvez, 2006 venha a ser melhor que 2005.
Estes do talvez dão para os dois lados: se não for melhor, também podem vir fazer coro com os da hipótese 2, a berrar que "eu bem disse!". Bem vistas as coisas, um talvez dá para quase tudo. É quase vez por outra.

Nas eleições para seja o que for, também é assim que se passam as coisas: "eu acho que sim", "eu penso que não", "já eu, é mais talvez". Pergunta-se-lhes "por quê?" e chamam-nos nomes. Vista assim, a democracia é um bocadinho estúpida, mas há limitações na democracia que têm que ver com coisas importantes, como o tamanho dos boletins, o saber ler e escrever, essas minudências.

Por exemplo, eu gostava de poder escrever no meu boletim de voto que : "Quero que Manuel Alegre seja Presidente da República porque é um homem íntegro, embora os outros também o sejam, pois eles o dizem. Não quero Cavaco, porque é casado com aquela mulher inacreditável que só casaria com ele, e porque me faz lembrar um prefeito de liceu. Não quero Soares porque é apoiado por Sócrates (embora à má fila...) e é apenas, hoje, um gestor de imagem, e não gosto de gestores. Não quero Louçã, porque é poucos anos mais velho que eu, para isso ia eu, ora bolas. E não quero Jerónimo porque é tarde para ele e cedo para ele, ao mesmo tempo. Ah! E quero Garcia Pereira, sim, para conselheiro de Alegre nas questões de "convicção ainda mais profunda e problemas laborais relacionados com os calos nas mãos, mesmo".

Mas não posso. Porque me anulam o voto. Quer dizer, uma pessoa empenha-se a votar e anulam-nos o voto. Isto irrita-me, na democracia.

Olhem, sendo assim, voltando às coisas importantes, um grande talvez! Façam lá as contas e chamem-me "bi", pronto.

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