blog caliente.

21.12.05

Vi a Luz. Está mais gorda.

Consigo encarar a possibilidade de Cavaco Silva ser presidente da república. Agora já consigo. Admito que é possível, mesmo, que a maioria dos portugueses goste dele. Genuinamente.

Um povo de pequenos prevaricadores com sonhos grandes e pés pequenos (a maioria dos eleitores masculinos calça o quê? quarenta-menos-um?) há-de sentir-se melhor perante a simplicidade da dicotomia bem-mal, certo-errado, que já vem definida dos catecismos dos "egrégios", que perante a discussão das coisas, sejam elas novas ou antigas.

Pensar custa, porque é, ao contrário de respirar, um acto primariamente voluntário. Pensar é, pensando bem, "mal-acomparado", uma espécie de esforçado defecar contra um tumor do recto inoperável, na ausência de colostomia: uma coisa dolorosa, muitas vezes sangrante e, para este fim dos tempos, impossível.

É por isso que são precisos os saquinhos, as colostomias, as cavacostomias redentoras. Eu isso entendo e até tenho andado calado para não ofender ninguém. Ninguém me ouvirá dizer que encaro Cavaco como um receptáculo sintético de produtos da enzimologia digestiva nacional. É natural, embora não pareça, quase nunca. Que assim seja, evidentemente: nada mais.

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