blog caliente.

16.12.05

Mais uma coisa que me ficava melhor não escrever, mas pronto.

A lolita não me encomendou nada, eu sei que ela não liga a acontecimentos mundanos (a menos que participe), mas tenho de lhe contar daquele programa da TVI que houve hoje. O das vinte canções românticas mais bonitas de sempre.

Aquilo deixa-se ver.

Segue relatório. Tudo mentira.

1 - Do ambiente:
Casino Estoril, tons de negro e prata, uma escadaria de sete ou oito degraus por onde se despenhavam os apresentadores. Muita Caneça, muito Pingalim. Uma gaja estava a imitar o Moshe Dayan, o que achei despropositado. Depois percebi que não era uma gaja, nem estava a imitar ninguém, era o Castelo Branco com a pala no olho certo. A Moura Guedes, com ar de quem toma corticosteróides, o Moniz com ar de estar casado com quem toma corticosteróides. O Júlio Magalhães bem disposto, o pessoal da geral a curtir o "evento". Uma festa de empresa. Calhou ser de televisão, se fosse de construção civil era a mesma coisa, menos o gajo a imitar o Moshe Dayan: haveria um empreiteiro a imitar o trolha dos Village People.

2 - Dos apresentadores:
Esteve o Goucha, a fazer de panasca, com evidente esforço visceral. Esteve aquele tipo que faz de Bizalhão, com a Júlia Pinheiro. Um tipo que é jornalista, que acompanhava a Iva Pamela (isto vai fazer despertar as feromonas ao Alonso, eu sei...), que agora se chama Iva Domingues. Foi interessante, porque lembraram-se de fazer aquele trocadilho original entre o nome da pequena e o imposto que o Sócrates subiu. Ah! E o Carlos Ribeiro, aquele tipo que a gente imagina a dizer que o mundo vai acabar com o mesmo sorriso com que anuncia o Toni Carreira ou o Toy ou que se lhe exteriorizou uma hemorróida lancinante. E o puto que faz de gajo do Porto na novela do Tozé Martinho, o Granger, aparentemente emparelhado com uma gaja enjoada com um nome provindo das estepes, não sei se é a mesma enjoada da novela, sei que tem umas canetas que se lhes botarmos tinta aquilo escreve. Mal, mas escreve.

3 - Das cantigas:
Rui Veloso (aparentemente saltou "O primeiro beijo", deixou cantar a Lúcia Moniz: ou deu-lhe uma "íria" e foi arejar ou tinha de "ir ali" e veio depois cantar o "Riboli") esteve igual a si próprio e isso notou-se nos olhos da orquestra e da Nandinha, que estava lá em cima a fazer coros, como sempre. Paulo de Carvalho também esteve bem, canta como já não se canta e como sempre ele cantou, deu-me para cismar que dedicava aquilo ao Salgueiro Maia e gostei. Quando cismo que canta "E depois do adeus" noutro contexto enerva-me, se fosse dedicada a Cavaco Silva, por exemplo, desligava o caralho do receptor, sim, que aquilo só recebe, se eu desligar recebe népias. Esteve o Represas, a cantar as músicas do João Gil e os versos da Florbela Espanca, com a mesma cabeleira postiça de sempre. Aquilo nem mexe, parece natural. O Gonzo inventou novas versões dos "Jardins Proibidos" e doutra que não me lembro, parecendo a caminho duma "nana" monumental em versão cada vez mais Telly Savalas. O Abrunhosa também lá esteve, a ouvir os coros da Nandinha e, nesse particular, não esteve mal. Ainda emitiu sons, mas poucos. Tivemos a Rita Guerra, na qualidade de residente do casino, canta bem. A Adelaide Ferreira experimentou a 657ª versão daquela cantiga que canta sempre, acho que também tem outra, mas não cantou essa, foi a do costume, desta vez a orquestra esteve a pontos de desatinar com as variações finais da cantora (quando ela se desencontra com a realidade e depois chocam de frente), andaram à pesca. E mais? Ah! O Olavo Bilac, que anda a frequentar o Dr. Anti Tallon e já tem de cantar sentado, para não escorrer por ele abaixo: punha-se uma forma e ia ao forno, ficava um "tabuleiro de brigadeiros". E aqueles tipos que imitam o Jorge Palma, os Toranja, que até se meteram pelo Variações adentro, o que foi bom, porque as cantigas do Variações, quando são outros a cantá-las e a tocá-las, melhoram um bocadito.
Por fim, aqueles putos que parece que acabaram de acordar com vontade de faltar à escola e sem vontade de mais nada, os que entram numa novela que é acerca de frutas e diabetes, os "Dissestes". Se não é "Dissestes" é "Disserem".

4 - O que faltou.
Tudo. "Cavalo à solta", a cantiga mais bonita do mundo, e mais dezasseis do Tordo, uma ou duas do Cid (que está longe de ser o tosco musical que alguns parolos acham que é), a "Amélia" do Carlos Mendes, a "Nini" do Paulo de Carvalho, meia dúzia do Carlos do Carmo, muitas outras, não digo mais nada que a hora vai longa e já se percebeu, há muito, do que o nosso povo gosta, além de que o fodam.

5 - Nota final: e por detrás!

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