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7.11.05

Três respostas ao Alonso

Nunca é tarde. De história fala-se no presente. De Cabo Verde também, enquanto o PAICV governar o país. E as presidenciais são só depois do Natal.

Sobre o déspota
A questão, Alonso, não se prende com o distanciamento histórico (às vezes geográfico, sem que seja sequer histórico) que nos permite distrinçar o bom do mau, o vantajoso do prejudicial. Falei no Marquês porque o referenciaram como déspota iluminado (aqui nem me incomodo a pôr o link). E sabe-se que as noções de soberania, de igualdade, de cidadania e de democracia participada nasceram desse iluminado racionalismo.
Donde, de duas uma: tendo presente esse incontornável distanciamento histórico, ou se fala do Marquês como equivalente iluminista de um actual super Ministro das Obras Públicas, do Planeamento, da Administração Interna (com o devido destaque à tutela do SIS, para não esquecermos os Távoras e os clérigos); ou, ao designá-lo por déspota iluminado, ter-se-á de o aceitar como contribuinte activo da instauração das democracias ocidentais.

Sobre Cabo Verde
Aceitar que Cabo Verde está bem melhor do que a maioria dos países africanos é uma evidência. Sabe-se, aliás, que Cabo Verde é o terceiro país com maior grau de desenvolvimento moral de todo o continente africano e que isso se deve ao investimento na educação e na formação profissional.
Mas defender que Cabo Verde está bem assim é nivelar por baixo. Não vejo o que tem a simpatia de relevante no desenvolvimento de uma nação, a menos que se tenha instituído algum prémio de afabilidade aos povos de que eu nunca tenha ouvido falar. O que sei é que os polidos políticos caboverdianos que tanto impressionaram o micaelense Medeiros Ferreira (há-de ter contribuído, suponho, a insularidade empática) vendem o país no mercado dos interesses económicos de multinacionais americanas (note-se, aqui, o meu anti-americanismo primário) e de países que procuram bases neo-coloniais em troca de uns tostões para infraestruturas.

Sobre as presidenciais
O Alonso sofre de anti-soarismo primário. Titubeia quando fala do Cavaco, mas acho que, na hora da verdade, providencialmente se capacitará de que não é nenhum santo. Apesar de não ter falado no Louçã, não acredito que escolhesse um presidente trotskista. Ou seja: ainda não se decidiu. Deduz-se, de tudo, que ou vota no Poeta ou no Jerónimo de Sousa (ou, quem sabe, na Carmelinda Pereira).
É isto, não é?

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