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8.11.05

O problema da imagem

Pensei que ele escrevesse mais espaçadamente, mas não. É quase todos os dias.
Desta vez escorre-lhe pelo texto abaixo uma fixação "albertinha" pela imagem: a imagem de Bush, a imagem dos partidos no poder em França (que Chirac já não vai lá, isso ele já decretou), a imagem de ineficácia, as imagens que percorrerão o mundo. Tudo imagens.

Para Luís Delgado, o mundo é uma espécie de ficção relativamente fácil de resolver, desde que a tropa entre a tempo. Fica logo um filme de jeito. Infelizmente, Delgado não tem capacidade para perceber que não é necessário escrever este tipo de coisas, que correpondem ao sumo pífio dum pensamento primário. Mais não é que aquilo que se vai dizendo pelas barbearias.
Delgado não percebe que, em lugar nenhum, se tiver de entrar a tropa (e pode ter de entrar, evidentemente), ainda que tarde (sic), é porque tardaram (ou não vieram, de todo) outras coisas antes. E o problema de fundo é esse, independentemente de custar lugares no governo, de desgastar presidências, ou de irritar a sacrossanta opinião dos media, para quem tudo parece fora de tempo porque é preciso editar as imagens. O problema de fundo é o "antes".

Este homem, Luís Delgado, a ser tomado a sério (e pode ser, admito perfeitamente que sim, que há tipos para tudo) é um perigo: tende a constituir-se no amplificador das pequenas indignidades e indignações de todos os dias. Se fosse magrebino e vivesse numa "cité" andava agora a incendiar carros. É como se fosse o gajo de poupa que sai da barbearia, ou do café, a fazer o resumo das conversas, com um altifalante nas beiças.
Não passa disso, mas eu lembro-me que da última vez que o Douro subiu, fodendo tudo, as primeiras chuvas também não foram grande merda.

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