Blogame mucho

It's not easy being boring

Eu não sei se a Charlotte costuma ver o ER, ou se só vê de vez em quando. Olhe, é amanhã, quarta feira.
Eu vejo sempre que posso, provavelmente porque sou um bocadinho cretino (se bem que a série é boa, não é sempre, mas é quase sempre) e porque aquilo é um simulacro apressado do meu modo de vida. E, concedo, porque sou um bocadinho (isto sendo económico) "boring".

Deve ter-lhe escapado, pelo menos, o episódio em que Elizabeth, com um processo judicial - em que não sai, aliás, muito bem na fotografia - às costas, já muito grávida, tem "uma branca" no meio duma cirurgia e desata a chamar por toda a gente. Quer, no fundo, que a tirem dali. Romano chega, já de lenço, e toma conta da situação (ou seja, inicia os procedimentos correctos; bem conhecidos de Elizabeth, aliás, só que não naquele momento). Enquanto esgrime com as pinças e as mãos treinadas, humilha Elizabeth. O que é desnecessário. Mas percebe-se, de facto, que é ele quem controla a situação. Ambas as situações, aliás: a cirúrgica e a obra de demolição do ego da outra.

Eu entendo-a, veja se me entende a mim também, um bocadinho.

Greene é "boring". Admito que sim. Repare: eu já nem discuto isso. As mulheres que eu conheço (bom, eu não conheço a Charlotte, mas estamos aqui a conversar, é um simpático "sort of") tendem a achar os tipos que eu mais aprecio isso mesmo: "boring". Eu até já lhes estabeleci um padrão, aos tipos que gosto, que me dispenso de explicar. Ou seja: não sou tão inocente como isso e até já entendi que entre mim e os meus padrões, às tantas... exactamente, mais vale não pensar muito nisso.

Mas já reparei, de facto. A lolita e a minha mulher, por exemplo, entre outras mulheres que conheço e vêem a série de vez em quando, também não é do Greene que gostam mais. É do Luka, aquele tipo croata que tem mau feitio e que teve aquelas cenas fantásticas com o bispo, era (antes disso) do Doug Ross, o pediatra que ainda não era bem o Clooney, naquela altura. Mesmo o Benton e o Carter são menos "boring" e mais interessantes que o pobre do Greene. A Charlotte (se bem que apenas, basicamente, para me contrariar) também prefere o Romano.

As mulheres acham piada aos gajos problemáticos, é o que é. E nós, homens, gostamos dos gajos que achamos que gostaríamos de ser, alternativamente a nós, porque, apesar de todos os sinais que nos enviam em contrário, pensamos que as mulheres os apreciam como nós os apreciamos. E, pelos vistos, não. É engraçado, pronto.

No entanto, uma pequena praga lhe rogo: a Charlotte vai chorar quando vir o episódio em que Greene morre. Os tipos "boring" não são os que mais nos emocionam enquanto andam por aí, mas tendemos a sentir-lhes a falta quando desandam. Depois diz-me, se for o caso?

posted by lolita @ 12:09 da manhã