Boa noite
É engraçado como histórias compridas se podem contar depressa.
Mark Greene, o tipo do meio, chegou atrasado ao casamento. Chovia muito.
Toda a gente esperou por ele, porque se sabia que ele chegaria. O episódio acabou com a entrada da noiva, Elizabeth, logo a seguir, tremendamente grávida. Quase a verter águas. Olharam-se e sorriram-se. Ele sempre mais que ela porque ele a ama mais que ela a ele, isto é comum.
Greene, o internista de sorriso tímido e límpido numa face séria, aquele a quem as coisas parecem correr sempre mal, está feliz. Tem um tumor na cabeça, que vai matá-lo. Ele sabe. Ela, Elizabeth, também sabe. Toda a gente sabe. Todavia, o saber não ocupa lugar; os tumores é que sim.
Neste episódio, Greene ainda chegou a tempo. Foi-lhe difícil, mas chegou. "Chovia muito...". Chove sempre.
Há-de haver, em breve, um episódio qualquer em que ninguém chegará a tempo de impedir Greene, uma vez mais, de chegar a tempo. Greene vai cumprir-se. Vai morrer e ilustrar a parábola do homem comum que teimamos em fintar, sempre de esguelha.
Por isso é que ele está no meio, na fotografia. Por ser igual a nós.
É uma série muito simples, até eu a entendo.
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