blog caliente.

20.10.05

Ribombar! Pum! Pu...fffffff.

Afinal disse que sim.
Caramba: eu esperava que acabasse por dizer que não, que era para isto tudo fazer sentido, mas apresentou-se.
Agora vou resumir o que ele disse. É curto.

I- Razões duma candidatura (são quatro): 1 - que reflectiu, 2 - que pensou muito, 3 - que conhece bem e 4 - que quer. Por ordem.

II - Sobre os pressupostos: aceita-os. Isto é bom. Vamos indo. Ele podia chegar e dizer que queria outras regras, outra república, "quero ser presidente doutra república que não esta", podia gostar mais doutra, e lá teríamos nós de o recambiar para a Eslovénia ou para a Espanha. Aliás, não havendo em Espanha um presidente da república, aparentemente porque aquilo é uma monarquia, ainda bem para os espanhóis que ele aceita o que está na nossa constituição e não inicia uma deriva oriental. Ele foi claro: vai a jogo e aceita as regras, o que é o mínimo que se poderia esperar de qualquer tipo que fosse jogar ao casino mais reles que aí houvesse. Quanto mais a votos.

III - Sobre Ele: que já não é filiado no PSD. Ou seja, que mesmo que o PSD o apoie, em peso, se está defecando para o apoio. Aqui, foi "cagón". E logo no pai. É que o PSD apoia-o. Ele não quer, ele não pede isso, mas ele está cansadinho de saber; é como se alguém dissesse que não quer comer depois de se encher de cabidela de caça. Adiante.

IV - Sobre outras merdas: para a semana, no Porto, vai explicar-se melhor. "Mais? Ah, isso é p'rá semana". Isto entende-se, porque o homem teve pouco tempo para pensar, dez anos é muito tempo, mas isso é para o Paulo de Carvalho, para Cavaco é um nanossegundo. E, além disso, o professor ainda está numa fase de delírio emocional. Foi apanhado de surpresa.

Bom. Isto é pobrezinho.

Uma coisa é certa - e Marques Mendes pode começar a coçar a virilha onde sentir mais comichosas impressões (as virilhas, no caso dele, são aquelas coisas húmidas que lhe ficam a cerca de trinta centímetros do pescoço, "ó para baixo"), porque o surpreendente candidato enfiou-lhe lá uma coisa esférica, hidrocélica: se Cavaco ganhar, segundo Cavaco, não é o PSD que ganha. Ele saiu do partido. Já não é. Já tenho visto ao contrário, filiações a martelo para permitir candidaturas, em vários pontos do país. Agora, isto, é sublime. Ele vem sozinho. Viram-no de peito feito? Ah, pois é! Isto é interessante, porque vem sozinho, rejeita apoios, mas não veio dizer nada às tropas enquanto não contou as espingardas.
Que diferença para Manuel Alegre, meu Deus, que, de espingardas, quer saber que as há e usá-las na caça: "contá-las para quê, se EU decidi que vou, de qualquer forma?". Que diferença abissal pode existir entre seres da mesma espécie, não é? Há-de ser da coluna. Ou do país que se quer. Eu isto ainda não sei muito bem, mas estou quase.

Se Cavaco ganhar (hipótese remota, na minha opinião, mas o céu de Portugal está cravejado de estorninhos canoros, "olarilolé", nunca se sabe) sejamos claros: não ganhou mais ninguém nesse dia, não me venham com coisas. Levem as bandeirinhas que quiserem, da cor que quiserem, buzinem às cores, festejem-se nele. Porque está claro que foi só ele que ganhou.
Ganhou mas é o caralho.

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