Habituem-se? O caraças!
- Então, sempre é hoje?
- Sim, bem vê: os tipos acabaram por preferir o Paulo Bento... portanto vai ser hoje, mesmo.
- Vai fazer um discurso sério?
- Sim, não tenciono rir-me. Até porque não sei. Eu sou bom é em esgares. Quer ver um? Olhe este...
- Não, deixe estar assim, se faz favor. Vai dizer que avança porque estamos num período incerto e difícil, quando é sabido que o senhor tem um perfil de fuga e refúgio no academismo pantufeiro perante incertezas e dificuldades, perante as chamadas "vacas magras"...
- Quem lhe paga para isto, seu cromo? Aquele coqueiro em S. Tomé era fácil de subir? Pareceu-lhe, a si, que eu ia de pantufas? Eu tirei-as!
- Bem, eu só faço perguntas...
- E eu dou respostas fantásticas. Mais alguma pergunta?
- Não.
- Não?
- Não...
- Não? Não? Ó Morais Sarmento, olhe esta espécie de albatroz constitucional a chatear-me!
- OK, eu faço mais uma: que pensa da idade do Dr. Soares e da existência duma idade mínima para se ser presidente da república?
- Ainda bem que me pergunta isso, que eu também leio o Vilacondense: é evidente que não concordo que haja uma idade mínima para nada, a menos que se crie uma idade máxima para tudo. Por exemplo: se um tipo de 81 anos se pode candidatar à presidência, não faz sentido que um tipo de 14 anos não possa tirar a carta, ou ser jurado num tribunal qualquer! Ou mesmo bispo!
- Ó senhor: isso é redutor, uma coisa não tem nada que ver com a outra!
- Então eu esmiúço, espere: se um tipo de 81 anos se pode candidatar à presidência, eu quero que possa candidatar-se, também, um tipo de 15! Ou de dezanove!
- Está a falar a sério?
- Estou a rir-me? Você está a ver-me os dentes, por um acaso?
- Eu não...
- Ah! Então, pronto!
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