blog caliente.

10.6.05

Mais uma vez em primeiro!

Eu bem sei que o estudo foi realizado pelas Selecções do Reader's Digest mas, que diabo: é um estudo.
E diz isto: os portugueses são o povo mais irritado da Europa.

Eu já calculava que sim. Um português consegue, nas condições ideais de pressão e temperatura, sentir-se irritado com a sua própria existência. O que o português domina é uma arte antiga que consiste em fazer de conta que está irritado com outras pessoas para a sua própria existência lhe parecer mais suportável. E quem elege o português para alvo da sua irritação? Exactamente: quase sempre um compatriota.

Ser compatriota de alguém significa, geralmente, mesmo em alguns dicionários, que se partilha com alguém uma coisa que se chama Pátria.
Em Portugal não. Os portugueses, a não ser em relação a certas pessoas que veneram (geralmente já falecidas, retiradas de funções após jubileu, ou, em alternativa, residindo no estrangeiro, "onde são os maiores, senão não estavam lá, ok?!"), consideram os seus compatriotas uma espécie de peçonhentos com quem partilham a ralação de estarem vivos, ainda por cima em prédios de paredes de estuque, "que se ouve tudo!". Não são bem compatriotas: são uma espécie de "compartilhotas".

A coisa que mais irrita os portugueses não é nenhuma das que estão no estudo das vetustas Selecções.
Desenganem-se.
É uma coisa indefinida que, em termos topográficos, há-de ficar sempre algures entre um centro comercial, uma tasca, uma nau que só navega na memória e um espelho acusador.

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