blog caliente.

28.6.05

Ideologicamente esbatida

A esquerda sempre foi positivista e anti-religiosa (o que nunca a impediu de ser dogmática), libertária e progressista. Era a direita que defendia as tradições e os símbolos nacionais. Era a direita que individualizava, enquanto a esquerda colectivizava.
Entretanto, a esquerda enredou-se em longos combates ideológicos com a direita. A direita, tradicionalmente individualista e economicamente liberal, passou a apoiar uniões em vez de países. Comunidades em vez de nações. À esquerda, nada mais restou senão defender o contrário; precisamente o contrário daquilo que sempre defendeu. E então, subitamente, deparamo-nos todos com uma esquerda que critica e renega o mesmo que dantes defenderia, noutro contexto e noutra circunstância: as pan-integrações, as pan-europas, as pan-qualquer coisa. Agora, a esquerda festeja, em Paris, exactamente as mesmas vitórias que a extrema direita festeja.
Desta vez, a estação não me parece silly: parece-me inquieta. Como se uma tempestade memorável estivesse pronta a explodir.

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