Há miúdos?
Venho do Coliseu, que estava repleto da burguesia típica do mês de Junho, que é tão mês como o de Janeiro com a diferença de que as noites são mais quentes, em que os filhos já estão em férias e em que a Partimpim vem ao Porto, o que motiva uma adesão mais massificada das famílias portuenses do que se não fosse em mês de festa popular.A artista entrou no palco conforme saiu: caiu do tecto e para lá se içou, no final. O Partimpim é música só para miúdos, sabe-se. É muito conhecido, também se sabe, rapidamente se tornou música de maiorias, o que lhe retira a dimensão elitista. Há quem não se desse ao trabalho de falar no Partimpim, quanto mais de o ir ver, por essa exclusiva razão.
Sopa, bailarinas, lagartas, sagitários, Maomé quando era criança. E Vinicius, também. A dada altura, a Calcanhoto perguntou para a plateia se havia miúdos. Há? Há! Mesmo? Sim. Todos os adultos responderam. A Calcanhoto não sabia, ou não imaginava, que todos os adultos responderiam. Einstein, Nietzsche, Saddam Hussein e, pasme-se, até Georg Steiner, o pensador hermético, todos eles já foram crianças. Imagine-se eu.
Bom. Cantei baixinho todas as sopas, bailarinas e lagartas do Partimpim e não quero, sequer, que me tornem a falar na péssima acústica do Coliseu.
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