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14.1.05

Nos pasaran la cuenta

Fui ler o Vicente Jorge Silva no DN, sobre a factura aos ricos.
Do que li, confesso que não vislumbrei nada que acrescentasse um ponto que fosse à discussão sobre a solucionática (com perdão do besugo, mas aqui assenta que nem uma luva) da saída da crise. Mas é importante ter em conta, em abono da mais límpida verdade, que não há maior inutilidade do que discutir a seriedade ou a consistência das propostas dos partidos políticos em épocas de campanha ou pré-campanha eleitoral.

Sendo assim, o que pretende VJS dizer, se partirmos do princípio de que o DN não lhe paga para debitar banalidades de mesa de café e de que, ele próprio, terá a auto-estima suficiente para não baixar uns lugares no ranking das cabeças pensantes do país (a menos que tenha sido atacado por uma forte gripe)?

Em querendo dizer mais , suspeito que será algo bem pior do que aquilo que o besugo leu sobre a factura dos ricos. O besugo, conforme se nota, tem o coração tão vermelho como um benfiquista, embora não o seja. E é fácil imaginar que muitos besugos se revoltarão, felizmente (embora inutilmente), contra saídas da crise como a que VJS parece preconizar. Porque o que ele quis provavelmente dizer já nada tem a ver com o slogan que os sindicalistas - igualmente vermelhos - ostentavam nas bandeiras e nos grafittis durante o PREC. Em vez de "os ricos que paguem a crise", há-de ser algo mais próximo de "todos teremos de pagar a crise", como sempre pagámos, como sempre pagaremos. É que, repare-se, os ricos portugueses são poucos e, na maioria, não são tão ricos como isso (se não contarmos com o Tio Belmiro, com o Pereira Coutinho e mais dois ou três). Não chegam, portanto, para pagar coisa nenhuma, muito menos a crise secular de um país inteiro. E, pagando ou não, sempre lhe sobejará o suficiente para que a crise lhes passe ao lado. Sobre isto, consultem-se os livros da história da humanidade.

Pensando bem: o que traz isto de novo?

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