blog caliente.

9.12.04

Caminhando em terreno plano

Umas linhas (as últimas, isto já cansa) sobre o famigerado assunto "Fidel Castro".

1. Eu, aqui, qualifiquei o João Tunes de panfletário. Na altura, só o fiz com a intenção de o provocar amigavelmente. Agora penso que se calhar é mais assim do que pensava: basta ler isto para se perceber a opinião épico-narcisista que o João Tunes tem sobre a sua pessoa, sobre o seu passado, sobre as suas lutas.

2. Eu, aqui, qualifiquei o João Tunes e eu própria de "bloggers anónimos". João Tunes avança e protesta, indignado. Ele percebeu, ora se não percebeu, que eu queria dizer que nós (eu e ele, ou eu, pelo menos) convivemos aqui na blogosfera com bloggers famosos, com... celebridades. Lamentavelmente ou não, eu também percebi onde ele quis chegar. Bem sabendo que era disso que eu falava, ainda assim aproveitou a deixa para mais um take sobre o auto-elogio da "total disclosure". Para o bom do João Tunes, pespegar com o seu nome de baptismo e permitir comentários num blogue constitui a vanguarda da ética comunicacional. Isto é torpe, mas não é por isto, que isto é só engraçado.

3. No que toca, em particular, a Fidel: João Tunes nunca percebeu ou nunca se dispôs a perceber que eu nunca quis convencê-lo de coisa nenhuma. Já ele quis, com todas as armas que possui, convencer a mim e a quem o lê. Como sempre sucede, o fel vem de quem ataca, não de quem falou primeiro. Recordo-me, com um sorriso, da expressão "Está tudo grosso...", com que João Tunes comentou a minha opinião sobre Fidel. E está tudo dito.

4. O João Tunes deixa-se, com frequência, embrenhar num espiral argumentativo tão absorvente que se esquece de um dado fundamental: é que o nosso - parco - conhecimento mútuo se esgota aqui, na blogosfera. Não me interessam, por isso, as suas virtudes, muito menos se descritas por ele próprio. O auto-elogio não abona nada a quem o faz; isso é evidente mas nem sempre presente. Mas o importante, o fundamental, que eu gostaria que o João Tunes não esquecesse, é apenas isto: não nos conhecemos, a não ser daqui e daquilo que escrevemos. Isso impõe os limites, naturais, da contenção sobre... a disclosure, exactamente!

5. Terminando: olhe a azia. Um dia desses fica a falar sozinho, embora com uma vantagem assinalável: passará a saber, aí com toda a certeza, quem é o autor das tais confusões que o atormentam.

Faço votos de muitos sucessos.

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