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7.12.04

Oitenta anos é obra.

É notável, a longevidade da actividade política de Mário Soares. É digna de admiração, também, a forma marcante como se tornou um histórico nacional. Lutou incansavelmente pela democracia, fez desta luta a sua missão na causa pública. Participou, de forma insubstituível, no ressurgimento, ainda que brando, helás!, dos portugueses para o mundo.

Há, de facto, várias razões para que Mário Soares se integre no reduzido grupo de personalidades (com Soares, só me lembro de mais três) que, desde há trinta anos e à custa tanto de erros inesquecíveis como de passos longos, serviram de base tutelar aos itinerários da política. Mas é cedo para ensaios de reabilitação histórica, até porque as pessoas e as figuras políticas nos parecem sempre mais virtuosas quando estão do lado oposto a quem comete os erros. Para já, admiremo-lo por todo o seu curriculum de algumas grandes obras, sem contudo esquecer outras tantas asneiras. Nem do seu culto da arte do lobbying (lobbying topo de gama, bem entendido).

Mário Soares é, hoje, um notável do Ocidente. E, felizmente para ele, suspeito que, depois de tudo, os amigos que lhe ficaram são os que já não precisam dele para coisa nenhuma. E vice-versa.

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