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6.12.04

Campeonatos

Vai um campeonato maluco. Para começar, o Sporting ainda não vai à frente. Pouco falta, é verdade, mas enerva-me esta passividade leonina, esta espécie de "já lá vamos, mas há-de ser devagarinho".

O José Peseiro é um homem irritantemente competente. Consegue tornar difícil o que é fácil, apenas para proporcionar à equipa que treina cada vez maior capacidade de lutar contra a adversidade. Se as chatices não vêm do adversário ele, que é um estratega nato, cria-as.

Ontem fez tudo para apresentar problemas novos aos seus jogadores (e aos adeptos) e posso afirmar que teve sucesso: ganhou o jogo, fez aumentar o léxico vernáculo dos meus filhos (nunca tinham ouvido chamar "alheira" a ninguém) e ofereceu-nos a expulsão de Tinga, o que nesta fase é óptimo, partindo do princípio que Rochemback aproveitará a gripe para perder os dezoito quilos que tem a mais e para começar a jogar à bola. Isto, deu ele grátis aos adeptos. Isto e o amarelo letal ao Custódio. Aos jogadores propriamente ditos, forneceu-lhes um teste decisivo, já não é a primeira vez: "OK, estamos a ganhar 2-0 à Académica. Agora vão lá para dentro e façam de conta que estamos a ganhar ao Arsenal e borrados de medo. Só para ver...".
E ia-se vendo.
Fantástica pessoa, este coruchense. Um Hitchcock da bola.

Hoje, Karadas teve uma crise epiléptica na área do Estoril. Não tem tomado a Hidantina, o norueguês. O personalizado Simão marcou o penalty que dali desabrochou e o Benfica, a jogar com 10 por expulsão do talentoso Manuel Fernandes (o juiz entendeu manter Zahovic para não beneficiar demais os encarnados, como sucederia se tivesse mandando o esloveno fazer as suas abluções mais cedo), o Benfica, dizia eu, lá ganhou.
Isto é bom para toda a gente, até para Peseiro. Embora tenha ar de quem se assusta com uma osga, o homem vem-se revelando amante de thrillers. Eu percebo-o, no seu raciocínio algo ribatejano: "Ultrapassamos ambos na próxima jornada, rapazes!".

Para isso era preciso que o Belenenses fizesse o que raramente faz: conseguir jogar com os lampiões sem parecer uma equipa de alternadeiras com os membros inferiores arqueados.

Não falei do Beto. Nem falo. Nem do Polga, no banco. Nem falo.
Note-se que o verbo falar não tem culpa do seu presente do indicativo.
Isto indica cultura e versatilidade. O que é típico de campeões.

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