Cuba
Agrada-me saber que a Espanha reiniciou hoje o diálogo com Cuba e que pretende que todos os países da União Europeia façam o mesmo. Tal como o Alonso não se cansa de dizer, eu gosto de Cuba; gosto dos cubanos e gosto, até, do Fidel. Sei que o que acabo de dizer provoca a ira a muitos, críticos apaixonados da opressão castrista, e eu não os censuro. Mas Cuba, que sempre conheci oprimida, tem a aura dos personagens líricos hispanohablantes. Os cubanos sonharam com o seu futuro e quiseram construí-lo, ainda que (ou forçosamente, se calhar) tivessem de destruir para depois repor as pedras nos devidos sítios. Fidel, não nos esqueçamos, também é um desses cubanos. Move-se por convicções, não por interesses. Inevitavelmente, tornou-se anacrónico no decurso, gasto, da construção daquilo que ele queria que fosse uma sociedade justa. É possível, aliás, que ele saiba disso; não pode, no entanto, deixar de insistir em manter a sua construção, demasiado longa para desistências, profundamente contestada para que não a defenda.Quanto aos cubanos, vejo-os com olhos de primeiro mundo (sub-primeiro mundo, enfim), inexperiente em tudo o que respeite aquela humilhante heterodeterminação do seu futuro. Às vezes comovem-me, às vezes inspiram-me respeito. Sobrevivem, seja como for.
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